
Nenhuma plataforma licenciada no país aceita apostas sobre os ‘papáveis’. Com isso, o jogo online ‘Fantapapa’ se tornou alternativa aos que querem se divertir antes que a fumaça branca apareça. Praça São Pedro, no Vaticano.
Reuters
A desaprovação do Vaticano em relação a apostas sobre quem será o novo papa fez milhares de italianos recorrerem ao “Fantapapa”, um jogo online inspirado nas ligas de fantasia de esportes.
Na Itália, nenhuma plataforma licenciada tem aceitado apostas sobre os “papáveis”. Diante disso, o game tem sido uma alternativa para aqueles que querem se divertir antes que a fumaça branca apareça.
Fora do país o cenário é outro. Empresas internacionais já estão oferecendo odds (cotas que indicam o retorno de uma determinada aposta) sobre vários nomes cotados para suceder o papa Francisco.
A partir de 7 de maio, cardeais de diversos países se reunirão no Vaticano em um conclave secreto para eleger o novo chefe da Igreja Católica.
Como funciona o jogo?
No Fantapapa, os jogadores criam uma equipe de 11 candidatos ao papado e ganham pontos se um membro da equipe for mencionado de forma destacada na mídia, tanto na Itália quanto internacionalmente.
Pontos adicionais são atribuídos se um dos seus escolhidos for eleito, com bônus para palpites corretos sobre outros detalhes, como o nome escolhido pelo novo papa.
“Atualmente, o cardeal Matteo Zuppi é o candidato favorito”, disse Pietro Pace, um dos criadores do jogo. “Curiosamente, a maioria dos nossos seguidores no Instagram são mulheres.”
Zuppi, o arcebispo de Bolonha e chefe da Conferência Episcopal Italiana, é uma figura bem conhecida na Itália.
Pace, arquiteto de IA na Microsoft, e Mauro Vanetti, desenvolvedor de videogames, começaram a trabalhar na plataforma em fevereiro, quando o papa Francisco foi hospitalizado.
O jogo, que é gratuito e não tem anúncios, foi lançado online logo após a morte do pontífice, em 21 de abril. O número de usuários chegou a quase 60 mil nesta semana.
“Não há prêmios. É apenas por diversão e pela glória eterna,” disse Pace.
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Apostas inusitadas
Apostar no conclave não é ilegal na Itália, mas é desencorajado.
“Na Itália, não há uma lei que proíba expressamente as apostas na eleição do papa,” explicou Nicola Tani, chefe do veículo de mídia especializado AgiproNews.
“No entanto, a Agência de Alfândega, que autoriza previamente os temas das apostas, pediu informalmente aos licenciados de jogos que evitem oferecer odds na eleição do papa, como ocorre nas eleições políticas italianas,” acrescentou Tani.
Para empresas de apostas em outros lugares, as apostas no papa se enquadram na categoria de eventos únicos que não podem ser julgados por estatísticas convencionais ou forma esportiva. As quantias apostadas são relativamente pequenas.
As apostas em quem será o próximo papa teve um volume total modesto de US$ 10 milhões no Polymarket, um mercado de previsões baseado em blockchain (tecnologia de armazenamento de dados).
Em comparação, uma possível decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) sobre taxas de juros em maio viu quase US$ 30 milhões em apostas.
Enquanto isso, os nomes favoritos para o cargo máximo da Igreja Católica estão começando a surgir.
“Já há muita especulação sobre o próximo papa. Atualmente, consideramos o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, nosso favorito, com odds de 9/4,” disse Lee Phelps, porta-voz do grupo de apostas britânico William Hill.
Ele acrescentou que “Luis Antonio Tagle é o segundo em nosso mercado, com odds de 3/1, e se tornaria o primeiro papa asiático da história. Matteo Zuppi e Peter Turkson têm odds de 6/1.”
Tagle é das Filipinas. Turkson é de Gana e seria o primeiro papa negro na história moderna.
Os últimos números citados por Phelps significam que, para cada 1 unidade apostada, o jogador ganhará 3 ou 6 unidades de lucro se os nomes se confirmarem. Ou seja, no caso de uma aposta de US$ 10, os lucros seriam de US$ 30 ou de US$ 60, respectivamente.
Fonte da Máteria: g1.globo.com