A carne bovina, meu amigo, continua um luxo! Apesar de uma leve queda de 0,43% em agosto, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a tendência é que a alegria dure pouco. A gente viu uma sequência de pequenas quedas no primeiro semestre, mas especialistas consultados pelo g1 já avisam: a festa acabou. A previsão é de alta nos preços em breve. Por que isso? A resposta é simples, mas com vários ingredientes: exportações bombando, consumo interno forte e uma perspectiva de redução no abate de bois até 2027. Olha só os números!
Nos últimos 12 meses, a inflação da carne bovina chegou a 22,17%! E os cortes mais populares, tipo acém, peito e músculo, dispararam: acém (29,1%), peito (27,4%) e músculo (24,6%). A paleta subiu 24%, a costela 23,6%, alcatra 23,5%, e assim por diante. A picanha, que já era mais cara, teve um aumento mais “modesto”, de 12,1%. (Fonte: IBGE)
E qual o motivo dessa situação? Bom, um dos principais fatores é a exportação. Mesmo com o “tarifaço” imposto pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, as vendas para o exterior continuam a todo vapor. O setor se adaptou, viu? Em agosto, os EUA saíram da segunda para a quinta posição entre os maiores compradores, atrás da China, México, Rússia e Chile. O México, aliás, se destacou: de janeiro a julho, o Brasil exportou três vezes mais carne para lá do que no mesmo período de 2024. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) prevê um aumento de 12% nas exportações em 2025, comparado a 2024.
Fernando Henrique Iglesias, analista do Safras & Mercados, explica: “O tarifaço afetou as exportações para os EUA, mas o Brasil está tão bem posicionado no mercado internacional que rapidamente encontramos novos compradores”. Com boa parte da produção indo para fora, sobra menos carne aqui dentro, mantendo os preços altos.
A tendência de queda leve nos preços, segundo Iglesias, deve se inverter nos próximos meses. “Uma subida no último trimestre é esperada, justamente quando o consumo interno aumenta bastante”. E tem mais: a previsão é de queda no abate de bois em 2026 e 2027. Menos oferta, mais exportação… a conta é simples, né? Os preços devem subir ainda mais!
Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA, reforça a previsão. Ele já havia alertado em julho sobre as dificuldades na produção de carne nos EUA, que devem impactar o mercado brasileiro. A expectativa é de queda na oferta americana de 2,3% em 2025 e 4,1% em 2026. “Em 2026, quando o Brasil terá menos gado para abate, os EUA também terão oferta bem limitada. Isso reforça a expectativa de alta nos preços”, afirma Alves.
Resumindo a situação: carne bovina cara, renda estagnada… a conta não fecha para a maioria da população. André Braz, coordenador de Índices de Preços da FGV (Fundação Getúlio Vargas), diz que “a carne subiu muito mais que os salários. Mesmo com uma leve queda, o consumidor dificilmente vai sentir no bolso e vai continuar evitando o produto”. Iglesias completa: “A carne bovina está virando um produto de luxo, acessível só para os mais ricos. É uma tendência global”. A solução? Aumentar o consumo de proteínas mais acessíveis, como frango e carne suína, que são mais baratas e nutritivas. Afinal, o brasileiro precisa se alimentar, não é mesmo?
Fonte da Matéria: g1.globo.com