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Brics no Rio: Saúde, Meio Ambiente e IA em foco, guerras em segundo plano

A Cúpula de Líderes do Brics começa neste domingo, dia 6 de julho, no Rio de Janeiro. E olha só, o evento reúne chefes de Estado e representantes de 11 países, incluindo os membros originais – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – e os novos integrantes: Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. Impressionante, né? Três mil e um mil agentes de segurança estão mobilizados pra garantir a segurança da cúpula.

O Brics, na real, é um fórum político e diplomático de países emergentes, focado em cooperação econômica, social e tecnológica. A ideia principal é aumentar a influência dos países do Sul Global nas decisões internacionais. Sob a liderança brasileira, a agenda tá focada em três pilares: saúde, meio ambiente e inteligência artificial (IA).

Apesar da presença de países envolvidos em conflitos – como Rússia e Irã –, a guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio não devem ser temas centrais da cúpula. Pelo menos, essa é a avaliação do Itamaraty. Segundo eles, essas discussões podem acontecer em encontros bilaterais, mas não vão ser o foco oficial do evento. A expectativa do governo brasileiro é bem alta: além da declaração final, querem aprovar três declarações conjuntas nas áreas prioritárias – o resultado de meses de discussões técnicas. A ideia é mostrar os avanços concretos da presidência brasileira no bloco. Miriam Leitão inclusive já reportou que o presidente do Irã não estará presente na reunião.

No Meio Ambiente, o foco é a COP 30, que vai rolar em Belém (PA) em novembro. O Brasil quer liderar uma agenda climática comum entre os países do Sul Global, criando uma posição unificada no Brics para fortalecer a articulação internacional na conferência do clima. Ministros do Meio Ambiente dos países do Brics já se reuniram em Brasília em abril para discutir ações conjuntas. A expectativa é por uma declaração sobre mudanças climáticas e financiamento, com foco na meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Em Saúde, a prioridade é a cooperação no combate a doenças negligenciadas, como tuberculose, malária, doença de Chagas e leishmaniose. A proposta é criar uma estratégia coordenada, principalmente para ajudar as populações mais vulneráveis. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que isso será um dos legados da presidência brasileira no Brics. “O Brasil vê a saúde como alavanca para o desenvolvimento sustentável. É sobre garantir o direito à saúde, não só acesso a medicamentos, mas também a tratamentos, água potável e alimentação saudável”, afirmou Padilha. Essa iniciativa também surge como uma alternativa à parada das operações da USAID (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional) no Brasil, decisão tomada ainda no governo Trump. A expansão da Rede de Pesquisa do Brics, com foco no desenvolvimento de vacinas, também está nos planos.

Sobre Inteligência Artificial, o governo brasileiro defende o uso ético e regulamentado da IA, tratando informações e dados como ativos econômicos estratégicos, o que exige uma governança internacional. A proposta é que o Brics crie diretrizes comuns para o uso da IA, respeitando a soberania dos países, mas promovendo padrões mínimos de transparência e segurança. Segundo informações da colunista Andreia Sadi, uma das ideias é que os países sejam remunerados pela geração de dados que alimentam sistemas de IA. No Brasil, o debate sobre a regulamentação da IA está em andamento no Congresso Nacional.

A cúpula, que acontece nos dias 6 e 7 de julho, vai reunir chefes de Estado, chanceleres e representantes de alto nível. Mais de 100 reuniões preparatórias foram realizadas entre fevereiro e julho, algumas por videoconferência e outras no Palácio Itamaraty, em Brasília. Aliás, o governo federal autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança no Rio durante o evento.

Fonte da Matéria: g1.globo.com