Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.
Notícias

** Brasil: Vulnerabilidade à nova onda de tarifas americanas sobre fertilizantes russos

** O Brasil tá numa situação delicada: a dependência de fertilizantes russos pode nos deixar numa saia justa com os Estados Unidos. A gente importa uma boa parte dos insumos agrícolas da Rússia, e isso pode nos render mais taxas alfandegárias pesadas por parte dos americanos. Olha só o que aconteceu: o presidente Donald Trump, em 6 de [mês] de [ano], aplicou uma tarifa adicional de 50% sobre importações de petróleo da Índia, alegando que isso ajudaria a financiar a guerra na Ucrânia. Isso deixou a Índia com a mesma taxa aplicada ao Brasil, entre as maiores do mundo. E, na mesma ocasião, Trump avisou que mais países poderiam ser alvos de medidas semelhantes.

Se o Brasil entrar na mira, a gente pode ter um problema sério na produção de alimentos. O consultor Carlos Cogo alerta que isso vai encarecer os custos para o produtor rural e, consequentemente, para o consumidor. A gente tá falando de um aumento generalizado de preços, sabe? A dependência de importação deixa o país vulnerável a esse tipo de pressão externa, segundo Cogo.

**A dependência brasileira de fertilizantes importados:**

Por que essa dependência toda? A explicação é complexa. De acordo com Cicero Lima, professor da FGV Agro, o problema se concentra nos três principais componentes dos fertilizantes NPK: nitrogênio (N), fosfato (P) e potássio (K). O Brasil importa 95% do nitrogênio, 75% do fosfato e 91% do potássio. Isso porque:

* **Falta de matérias-primas:** A gente não tem reservas suficientes dos componentes básicos para a produção de fertilizantes, principalmente nitrogênio e potássio. Países como Canadá, Rússia e Bielorrússia dominam o mercado de potássio, por exemplo. A produção nacional de nitrogênio é pequena, pois exige gás natural barato, o que a torna pouco competitiva frente a países como EUA, Rússia e Catar. As reservas de fosfato brasileiras são de qualidade inferior e mais caras de explorar.

* **Demanda gigante:** A produção nacional não consegue suprir a demanda da agricultura brasileira. Apesar de sermos um grande produtor de alimentos, nosso solo é naturalmente pobre em nutrientes. Precisamos adubar bastante para manter a produtividade, principalmente culturas como soja, milho, café e cana-de-açúcar, que são exportadas em larga escala.

* **Custos altos:** Importar acaba sendo mais barato devido aos altos custos da logística e à infraestrutura limitada no Brasil.

Existe um Plano Nacional de Fertilizantes, lançado em 2022, com a meta de produzir entre 45% e 50% dos insumos até 2050. O governo pretende investir mais de R$ 25 bilhões até 2030, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária. Mas, para Cogo, são necessários investimentos, incentivos e melhorias na infraestrutura em larga escala para alcançar esse objetivo.

**Conseguir outros fornecedores? Uma tarefa difícil:**

A Rússia é o segundo maior produtor mundial de fertilizantes potássicos e nitrogenados, e o quarto de fosfatados. Em 2024, foi o principal fornecedor do Brasil, respondendo por 53% do fosfato monoamônico, 40% do cloreto de potássio e 20% da ureia. Lima afirma que esse volume é muito grande para ser substituído rapidamente. Mudar de fornecedor exigiria uma reestruturação logística e negociações diplomáticas complexas para abrir novos mercados.

O Brasil poderia buscar alternativas em países como Canadá, Marrocos, Nigéria e alguns do Oriente Médio. Mas Cogo lembra que outros países também estão tentando evitar sanções e podem disputar os mesmos fornecedores, o que torna a situação ainda mais desafiadora.

**Por que o Brasil consome tanto fertilizante?**

O Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes. O solo brasileiro, especialmente no Cerrado, é quimicamente pobre, com baixa disponibilidade de fósforo e potássio, além de elevada acidez. As chuvas intensas também levam à lixiviação, processo que faz com que os nutrientes sejam perdidos rapidamente. Isso é diferente de países de clima temperado, onde a terra é mais fértil. A agricultura intensiva e a produção de culturas voltadas para exportação, como soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão, exigem grandes quantidades de fertilizantes para manter a produtividade.

Em resumo, a situação é preocupante. A dependência de fertilizantes russos deixa o Brasil vulnerável a novas tarifas e potenciais impactos negativos na produção e no preço dos alimentos. Precisamos agir rápido para reduzir essa dependência e garantir a segurança alimentar do país.

Fonte da Matéria: g1.globo.com