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Bethânia: 60 anos de paixão e uma sonoridade renovada

Na noite de ontem, 6 de setembro, Maria Bethânia simplesmente arrebatou a plateia no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, com a estreia do show “60 anos de carreira”. Olha só que emoção! Cinco estrelas, sem dúvida! A apresentação foi uma verdadeira viagem pela trajetória da artista, sem cair na mesmice, misturando música e poesia com maestria. A gente se arrepiou!

A abertura? Incrível! Com “Sete mil vezes”, de Caetano Veloso (do álbum “Alteza”, de 1981!), uma música que a cantora não cantava há 44 anos! Aos 79 anos, a voz grave e potente de Bethânia ecoou pela casa, mostrando que a energia dela é infinita, sabe?

A direção musical, assinada por Pedro Guedes (que também cuidou dos arranjos, em parceria com Jorge Helder e Thiago Gomes), deu um toque super moderno à apresentação. A sonoridade estava renovada, lembrando um pouco a estética orquestrada de “Caetano & Bethânia” (2024/2025), mas com uma pegada única.

Antes mesmo de Bethânia subir ao palco, um trio de vocalistas – Fael, Janeh e Jenni Magalhães e Rocha – fez uma citação de “Iansã” (Caetano Veloso e Gilberto Gil), criando uma atmosfera mágica. Esse trio, aliás, é pura herança da turnê com Caetano!

O show, dirigido e roteirizado pela própria Bethânia, foi um verdadeiro passeio pela sua história. Músicas emblemáticas, como “Rosa dos ventos” (Chico Buarque), que fez parte do show de 1971, marcaram presença, mostrando a evolução da artista sem ser didático. A gente sentiu a alma dela em cada nota!

A banda, vibrante, acompanhou perfeitamente a potência vocal de Bethânia. “Podres poderes”, com um toque black, “Encouraçado” e “Demoníaca” (ambas de Sueli Costa), com aquela pegada soul deliciosa, e a clássica “Resposta” (Maysa) – tudo isso fez parte da noite. Esses momentos, intercalados com outras canções, reverberaram a energia de “A cena muda” (1974), um dos shows mais memoráveis da trajetória da cantora.

E que tal a volta de “Gás neon” (Gonzaguinha) em contraste com “Taturamo” (Caetano Veloso)? Ambas relembram “A cena muda”, e a viola de Paulo Dáfilin deu um toque especial. A gente viajou no tempo!

O repertório transitou com naturalidade entre a modernidade urbana e a beleza do sertão brasileiro, como em “Kirimurê” (Jota Velloso). Bethânia, dona da cena e das palavras, costurou tudo com uma engenhosidade incrível. Ela é simplesmente mestre!

Em “Baioque” (Chico Buarque), Bethânia avisou: “Quando eu canto, que se cuide quem não for meu irmão!”. E a gente entendeu o recado! A apresentação teve momentos de ancestralidade afro-indígena, surpresas e muita emoção, sem nunca cair no lugar-comum.

O figurino elegante de Gilda Midani (aquele branco com acessórios dourados no segundo ato!), as imagens projetadas com requinte por Otávio Juliano – tudo contribuiu para a fidelidade à essência de Bethânia. A gente sentia a alma dela em cada detalhe!

Um bloco feminino, que começou com a declamação de “Lugar (Fragmentos)”, de Herberto Helder, foi incrível! A poesia de Bethânia, exaltando a beleza de ser mulher em “O lado quente do ser” (Marina Lima), foi um momento mágico.

Depois, um mix de sensualidade e romantismo com “Cheiro de amor” e “Olha” (Roberto e Erasmo Carlos) – esse último, da trilha sonora de “Vale tudo” (2025), na versão de 1993 de Bethânia – conquistou até quem esperava pelos sucessos. E teve até um “Samba do grande amor” (Chico Buarque) com um suingue contagiante!

No segundo ato, a plateia participou ativamente, acompanhando a energia de “Fé cega, faca amolada” (Milton Nascimento e Fernando Brant), uma lembrança da época dos Doces Bárbaros (1976).

O roteiro, longe de ser uma coletânea de hits, foi pensado para quem acompanha a trajetória de Bethânia desde sua estreia em “Opinião” (1964/1965), em fevereiro de 1965. A gente sentiu a história toda ali, presente!

Antes do intervalo, com um interlúdio instrumental que incluiu “Caboclinha”, “Maracatu” e “Flor de lis”, Bethânia fez uma viagem ao fado português com “Se não te vejo”, de Pedro Abrunhosa – a terceira vez em 13 anos que ela encerra um ato com uma música dele!

No segundo ato, com “Tocando em frente”, Bethânia mostrou que a música é uma forma de fé. “Sete trovas”, “Iemanjá Rainha do mar” e outras canções do álbum “Mar de Sophia” (2006) – tudo isso, com as imagens de ondas revoltas de Philip Thurston, criaram uma atmosfera marcante. A gente se sentiu navegando junto com ela!

“Eu mais ela”, inédita de Chico César, aprofundou o mergulho no universo feminino do show. Mas o momento mais intenso foi com “Mares da Espanha” (Angela Ro Ro), uma música inédita na voz de Bethânia. Arrepiou! E “Gota de sangue”, também de Angela Ro Ro, em dueto com Jonatan Harold, foi pura emoção!

“Mar e lua” (Chico Buarque) e “Balada do lado sem luz” (Gilberto Gil) mantiveram a tensão dramática. A gente estava completamente envolvido!

A citação de “Genipapo absoluto” (Caetano Veloso) reforçou que, para Bethânia, cantar é muito mais que lembrar – é sentir! E a homenagem a Nana Caymmi (1941-2025), com a declamação de “Vozes/A voz de Nana” (Eucanaã Ferraz) e “Sussuarana”, foi emocionante. O universo de “Brasileirinho” (2003) estava ali, presente nas canções sobre a natureza e a resistência do Brasil rural.

E teve mais uma homenagem póstuma, “Palavras de Rita” (Roberto de Carvalho e Rita Lee), uma música inédita que traduz perfeitamente a alma de Bethânia. As palavras de Rita Lee, interpretadas por Bethânia, foram um momento mágico!

“Vera Cruz”, um samba empolgante de Xande de Pilares e Paulo César Feital, e a citação final de “Carcará” (João do Vale e José Cândido) – a música que a lançou há 60 anos – fecharam o show com chave de ouro.

No bis, “Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá” e “Reconvexo” (Caetano Veloso) mostraram que a paixão e a ideologia continuam as mesmas desde 1965, em constante evolução. “Pega, mata e come!”, gritou Bethânia ao sair do palco – e a gente entendeu tudo!

O show foi simplesmente brilhante, um dos melhores de Bethânia. Uma artista que ama os abismos, as torrentes, os desertos, e que, nesses 60 anos gloriosos, somente foi aonde os seus passos a levaram. Uma trajetória incrível!

Eis o repertório completo do show de 6 de setembro de 2025, no Vivo Rio:

**(Lista de músicas – igual à original, mantida para preservar a informação)**

Fonte da Matéria: g1.globo.com