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BC barra compra do Banco Master pelo BRB; Governo demonstra preocupação com pressão política

Olha só que notícia! O Banco Central (BC) deu um banho frio na compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). Na quarta-feira, dia 3, o BC rejeitou a aquisição, segundo comunicado oficial do BRB divulgado à noite. A informação pegou muita gente de surpresa.

No comunicado, o banco estatal, que é majoritariamente controlado pelo governo do Distrito Federal (71,92%), disse que pediu ao BC a decisão completa para analisar os motivos da reprovação e estudar os próximos passos. Eles insistem que a compra era uma jogada estratégica, “uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional”, afirma o texto. O BRB promete manter acionistas e o mercado informados sobre qualquer novidade.

O Banco Master também soltou uma nota, dizendo basicamente a mesma coisa: aguardam o documento completo para entender a decisão e planejar os próximos passos. Eles se mostraram confiantes na própria estratégia e operação, que, segundo eles, os destacou num mercado bem competitivo. Até o fechamento desta reportagem, o Banco Central ainda não havia se pronunciado publicamente.

A decisão do BC veio após mais de cinco meses de análise, mesmo sobrando quase um ano de prazo para a avaliação completa da operação. O acordo, anunciado em março, previa a compra de 49% das ações ordinárias, 100% das preferenciais e 58% do capital total do Master pelo BRB. Essa compra gerou preocupação no mercado por causa da estratégia de captação de recursos do Master, considerada bastante arriscada, como veremos a seguir.

O BRB, além de atuar no Distrito Federal, também está presente no Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Paraíba. A aprovação do BC era o último passo para fechar o negócio, já que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) havia dado o aval em junho. A negociação foi acompanhada de perto pelo Ministério Público do DF, que chegou a pedir à Justiça a aprovação da compra pela Câmara Legislativa do DF. No mês passado, o governador Ibaneis Rocha sancionou a aprovação pela Casa.

**Pressão política e preocupações do governo:** A decisão do BC aconteceu um dia depois de líderes da Câmara dos Deputados pedirem urgência para um projeto que permitiria ao Legislativo demitir diretores do BC, iniciativa do deputado Claudio Cajado (PP-BA). Isso gerou preocupação no ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele declarou: “[Vejo] com preocupação, porque não foi conversado conosco, com o governo de uma maneira geral. E eu imagino que nem com o Banco Central […] Eu realmente não vejo nenhuma razão para esse projeto, não vejo nenhum motivo para ele caminhar”. Haddad defendeu a autonomia administrativa do BC, mas não como uma pessoa jurídica de direito privado, como propõe a PEC 65/2023. Ele destacou a necessidade de orçamento próprio para fortalecer a regulação.

**A estratégia de risco do Banco Master:** O Banco Master cresceu rápido nos últimos anos, mas com uma estratégia que preocupou os analistas. Eles ofereciam Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com taxas bem acima da média do mercado, atraindo investidores com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC protege até R$ 250 mil por investidor em caso de falência de um banco, sendo formado pelas próprias instituições financeiras. Ou seja, é um fundo privado que garante os recursos. Isso torna o investimento mais seguro, atraindo mais recursos para o banco.

Essa prática, considerada de alto risco, levou o BC e o Conselho Monetário Nacional (CMN) a aprovar novas regras para o FGC no mês passado, que entram em vigor em 1º de junho de 2026. Segundo o Banco Central à TV Globo, o objetivo é “reduzir risco moral ocasionado por instituições que adotam estratégias de captação excessivamente alavancadas e baseadas em captações asseguradas”.

Além disso, os investimentos do Master em ativos de baixa liquidez, como precatórios e participações em empresas, geraram dúvidas sobre a saúde financeira do banco. Tudo isso contribuiu para a decisão do BC. A situação é complexa e merece ser acompanhada de perto.

Fonte da Matéria: g1.globo.com