** A política migratória de Donald Trump tá causando um verdadeiro caos nas fazendas americanas. Sabe? As batidas do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos), realizadas em junho, espantaram a mão de obra imigrante, essencial para a colheita, e agora frutas e verduras estão apodrecendo nos campos. A situação é tão grave que produtores temem pela falência.
Lisa Tate, sexta geração de uma família de fazendeiros no condado de Ventura, na Califórnia – região que produz bilhões de dólares em frutas e verduras anualmente – viu de perto o estrago. “Nos campos, eu diria que 70% dos trabalhadores sumiram. E se 70% da sua força de trabalho não aparece, 70% da sua safra não é colhida e estraga rapidinho, às vezes em um único dia!”, desabafou. A maioria dos trabalhadores são imigrantes em situação irregular nos EUA, e, segundo ela, norte-americanos não querem fazer esse tipo de trabalho braçal.
A situação não é só a percepção de uma fazendeira. Ao norte de Los Angeles, a Reuters conversou com fazendeiros, supervisores e funcionários imigrantes que confirmaram a mesma coisa: as batidas do ICE fizeram com que a maioria dos trabalhadores simplesmente desaparecesse. Um supervisor mexicano, que pediu anonimato, relatou que costumava coordenar 300 trabalhadores na colheita de morangos e, no dia da entrevista, só tinha 80. Em outra fazenda, uma equipe de 80 pessoas caiu para apenas 17! Resumindo: as plantações estão abandonadas e a comida tá apodrecendo no auge da colheita. Isso é um desastre!
A falta de mão de obra imigrante tá gerando um rombo na cadeia de abastecimento de alimentos e na economia das regiões agrícolas, como alertam economistas e políticos. Douglas Holtz-Eakin, ex-diretor do Escritório de Orçamento do Congresso (e republicano!), estima que 80% dos trabalhadores agrícolas nos EUA são estrangeiros, e quase metade está irregular. Para ele, a consequência é clara: aumento nos preços dos alimentos para o consumidor. “Isso é ruim para as cadeias de suprimentos, ruim para o setor agrícola”, afirmou.
A Califórnia, que produz mais de um terço dos vegetais e mais de três quartos das frutas e nozes dos EUA, movimentou quase US$ 60 bilhões em 2023 em fazendas e ranchos. A situação atual coloca em risco essa imensa produção. A Reuters ouviu quatro trabalhadores imigrantes; dois deles, sem documentos, falaram sob anonimato, com medo de represálias. Um deles, com 54 anos e 30 de experiência nos campos americanos, contou que a maioria dos colegas simplesmente sumiu. “Se eles aparecem para trabalhar, não sabem se voltam para casa”, disse, com a voz carregada de preocupação. Outro imigrante irregular acrescentou: “A gente já se preocupava com o sol, o calor… agora tem um problema muito maior: muitos não voltam para casa. Eu tento não me meter em problemas. Agora, quem for preso por qualquer motivo é deportado.”
Cinco grupos comunitários que apoiam trabalhadores rurais relatam que, mesmo com o medo, muitos imigrantes estão voltando aos campos por falta de outra opção de renda. Eles estão tomando precauções, como pegar carona com pessoas com situação legal ou enviando filhos cidadãos americanos para fazer compras.
O próprio Trump reconheceu o problema em uma publicação nas redes sociais, admitindo que as batidas estavam “tirando trabalhadores muito bons e de longa data”, quase impossíveis de substituir. Ele chegou a dizer a repórteres: “Nossos fazendeiros estão sendo muito prejudicados. Eles têm trabalhadores muito bons. Eles não são cidadãos, mas acabaram se tornando ótimos.” Apesar de prometer uma ordem para lidar com a situação, até o momento nenhuma mudança de política foi anunciada. A situação continua crítica, com graves consequências para a economia e o abastecimento de alimentos nos EUA. Mais de 150 pessoas foram presas na Califórnia em quatro dias de protestos contra as prisões de imigrantes, mostrando a dimensão da revolta.
Fonte da Matéria: g1.globo.com