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Bandeiras da Inglaterra e do Reino Unido: Símbolo de patriotismo ou arma contra imigrantes?

A Cruz de São Jorge, bandeira da Inglaterra, e a Union Jack, bandeira do Reino Unido, estão sendo usadas em manifestações no país, gerando polêmica. Nos últimos tempos, elas surgiram em cidades, vilas e até aldeias, espalhando-se como um rastilho de pólvora. A explicação dos grupos que as exibem? Orgulho e patriotismo, claro! Mas, na real, a coisa não é tão simples assim.

Tudo começou em julho, durante a Eurocopa feminina. A seleção inglesa, as Lionesses, arrebatou o título e a alegria tomou conta do país. Bandeiras inglesas tremulavam por todos os lados, um mar vermelho e branco em apoio às campeãs. Depois da vitória e do desfile em Londres, algo mudou. Em Birmingham, nos subúrbios, um fenômeno curioso: bandeiras da Inglaterra e do Reino Unido enfeitavam os postes de luz, em fileiras quase militares. A imagem viralizou nas redes sociais, gerando diferentes interpretações.

Os responsáveis? Os Weoley Warriors, um grupo que se autodenomina “ingleses orgulhosos”, declarando querer mostrar “orgulho pela nossa história, liberdade e sucesso”. A ideia pegou! Outras pessoas se inspiraram, e as bandeiras começaram a pipocar por todo o Reino Unido.

Mas aí está o xis da questão. Essa demonstração de patriotismo, para muitos, não passa de uma provocação em meio a um clima tenso, marcado por debates acalorados sobre imigração, principalmente sobre o pedido de asilo. Afinal, as bandeiras, em outros contextos, já foram usadas por grupos de extrema-direita, e essa associação incomoda muita gente.

Em Epping, no sudeste da Inglaterra, a situação explodiu. Protestos inflamados contra o uso de hotéis para abrigar solicitantes de asilo culminaram em uma batalha judicial. Uma autoridade local conseguiu uma ordem de despejo, mas o governo recorreu e a decisão foi anulada. Em 31 de agosto de 2025, manifestantes anti-imigração, muitos com as bandeiras em mãos, foram às ruas.

Em Liverpool, um centro muçulmano encontrou uma Union Jack amarrada em suas grades. A resposta? Hastear a bandeira na janela, mostrando sua lealdade ao Reino Unido. Ibraham Syed, do Centro Wirral Deen, contou à BBC que a intenção inicial era claramente ofensiva, mas que preferiram usar a situação para demonstrar seu patriotismo.

Malcolm Farrow, um vexilologista (sim, existe essa profissão!), explica a associação das bandeiras com a extrema-direita. Segundo ele, a falta de uma tradição de hastear diversas bandeiras no Reino Unido permitiu que grupos extremistas se apropriassem desses símbolos.

A bandeira inglesa em si tem uma história rica e complexa. A cruz vermelha em fundo branco, associada ao cristianismo e às Cruzadas, tornou-se um símbolo nacional ao longo dos séculos. Mas, hoje, o seu significado está sendo distorcido.

Em Bristol, cerca de 50 manifestantes anti-imigração marcharam com as bandeiras, encontrando uma forte contra-manifestação. Além das bandeiras, a Cruz de São Jorge foi pintada em rotatórias em Birmingham, um ato descrito por moradores como “vandalismo puro e descarado” e uma “desculpa para a xenofobia”. As autoridades, por sua vez, afirmam que respeitam o direito de hastear bandeiras, mas que vão remover as pintadas nas ruas por questões de segurança.

Em resumo, o que começou como uma demonstração de apoio à seleção feminina de futebol se transformou em um símbolo carregado de controvérsia, reforçando o debate sobre imigração e a apropriação de símbolos nacionais por grupos com ideologias extremistas. A pergunta que fica no ar: patriotismo genuíno ou ferramenta de divisão e preconceito?

Fonte da Matéria: g1.globo.com