A venda de armas impressas em 3D tá explodindo na internet, e isso é um problema sério. Anúncios em redes sociais como Facebook, Instagram e Telegram oferecem kits, guias e até armas prontas, criando um mercado negro virtual assustador. A gente tá falando de armas “fantasmas”, impossíveis de rastrear, que podem cair nas mãos erradas – e já estão caindo.
Olha só: um especialista ouvido pela BBC alertou que essas armas podem se tornar o padrão para criminosos e extremistas. A gente já viu casos, tipo o assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, onde uma arma parcialmente impressa em 3D foi usada. Isso é assustador!
A BBC Trending investigou a fundo essa questão. A gente encontrou de tudo: canais no Telegram vendendo armas 3D para o mundo todo, anúncios no Facebook e Instagram (que, na real, deveriam estar proibidos), e sites com manuais completos pra quem quer montar a própria arma em casa.
Em outubro de 2024, o Tech Transparency Project, uma ONG que monitora empresas de tecnologia, descobriu centenas de anúncios de armas na Meta, violando as regras da empresa. Meses depois, a BBC ainda encontrou esses anúncios ativos no banco de dados da Meta! Isso mostra uma falha grave de segurança. Muitos desses anúncios direcionavam os compradores para o Telegram ou WhatsApp.
A gente entrou em contato com um vendedor no Telegram, o “Jessy”, que tinha mais de mil seguidores e prometia enviar armas para qualquer lugar. Ele ofereceu uma pistola Liberator – a primeira arma 3D do mundo, criada em 2013 por Cody Wilson, um “criptoanarquista” – e um conversor Glock, uma peça que transforma uma pistola comum em automática, às vezes também impressa em 3D. Ele até tentou nos vender, oferecendo entrega no Reino Unido (ilegal, claro!), por 160 libras em bitcoins ou transferência bancária. Quando a gente se identificou como da BBC, ele admitiu que a venda era ilegal, mas pareceu bem tranquilo. “Tenho meu negócio, vendo armas online”, disse ele, sem o menor remorso.
A gente não prosseguiu com a compra, pois suspeitamos que ele poderia ser um golpista. Mas a facilidade com que ele anunciava na Meta e operava no Telegram mostra como é fácil explorar essas brechas.
Em resposta à BBC, a Meta disse que os anúncios haviam sido desativados automaticamente, mas a inclusão deles no banco de dados não significa que estavam ativos ou visíveis. Já o Telegram afirmou ter removido a conta do Jessy por violar os termos de serviço. Um porta-voz disse que a venda de armas é proibida e que eles usam IA e aprendizado de máquina para monitorar a plataforma.
Mas o problema é maior do que só os anúncios. As pessoas não precisam comprar armas prontas. Sites oferecem manuais e moldes gratuitos para baixar e imprimir suas próprias armas, como a carabina FGC-9, feita com plástico impresso em 3D e alguns componentes metálicos. “Você vira um fabricante de armas artesanal”, disse o pesquisador Rajan Basra, do King’s College de Londres. Não é tão simples quanto imprimir um documento, mas é possível.
Um desses manuais foi escrito pelo advogado Matthew Larosiere, da Flórida, que defende o direito ao porte de armas baseado na Segunda Emenda da Constituição americana. Para ele, divulgar essa informação é só compartilhar “números 1 e 0”. Quando questionado sobre o risco de uso dessas informações em massacres, ele respondeu: “Graças a Deus que não aconteceu”. Ele até citou Mianmar como exemplo positivo, onde armas 3D foram usadas pela resistência contra a junta militar.
De fato, entre 2022 e 2023, a resistência birmanesa produziu centenas de FGC-9s, muito mais baratas que armas do mercado negro. Mas a jornalista Hnin Mo, do Serviço Birmanês da BBC, descobriu que muitos grupos já pararam de usar essas armas por causa da dificuldade de conseguir materiais como cola e metal, além da disponibilidade de armas convencionais.
O caso de Mianmar mostra as limitações das armas 3D para uso militar, mas a sua proliferação global é inegável. Vários países estão estudando leis para criminalizar a posse dos moldes, e há apelos para que fabricantes de impressoras 3D bloqueiem a impressão de peças de armas. Se isso vai funcionar, só o tempo dirá.
*Com colaboração de Hnin Mo, do Serviço Birmanês da BBC.*
Fonte da Matéria: g1.globo.com