Marina Lima encerra o show da turnê ‘Rota 69’ com ótima apresentação na Brava Arena Jockey, no Rio de Janeiro (RJ)
Rodrigo Goffredo
♫ CRÔNICA
♩ Em 6 de agosto de 2024, Marina Lima estava a um mês de completar 69 anos de vida quando estreou no Teatro Prio – situado dentro do Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro (RJ) – o show da turnê intitulada Rota 69, seguindo roteiro retrospectivo montado por Fernando Muniz e Renato Gonçalves. Eu estava lá.
Na noite de ontem, 14 de novembro de 2025, a cantora, compositora e instrumentista chegou ao fim da Rota 69, curiosamente no mesmo ponto da partida, apresentando o show na Brava Arena Jockey. Eu também estava lá.
Nascida em 17 de setembro de 1955, Marina Lima já tem 70 anos de vida e está com um pé no passado glorioso – o show Rota 69 é um passeio delicioso pela discografia construída pela artista com modernidade atemporal a partir de single de 1978 – e o outro pé no futuro.
Para festejar os 70 anos, Marina Lima apronta álbum de músicas inéditas com produção musical dividida entre Arthur Kunz e Edu Martins, além de música criada e gravada com Ana Frango Elétrico. O álbum sai em 2026 e, claro, já está cercado de expectativas entre os seguidores dessa artista que, parafraseando verso lapidar de Aldir Blanc (1946 – 2020), insiste na juventude aos 70 anos.
A jovialidade de Marina ficou evidenciada na leveza com que desfiou as 23 músicas do roteiro da apresentação final de Rota 69 e na interação com músicos de gerações distintas como o grande guitarrista Gustavo Corsi (já com 60 anos) e a jovem tecladista e baixista Carol Mathias.
Só que algo mudou entre o começo e o fim do show. Na estreia, o universo pop ainda saboreava a presença física de Antonio Cicero (1945 – 2024), irmão e parceiro de Marina em músicas como Charme do mundo (1981), Fullgás (1984), Difícil (1985), Pra começar (1986), Virgem (1987) e Acontecimentos (1991), todas no roteiro para deleite da plateia sentada na cadeira das mesas e – e em menor quantidade – em pé na pista aberta atrás do setor das mesas.
No ponto final da Rota 69, a presença imortal de Cicero já habita outra dimensão. O que gerou homenagem ao poeta da modernidade pop, aplaudido pelo público e pela própria Marina, grata pela longa caminhada ao lado do irmão e parceiro.
Sob prisma estritamente pessoal, aproveito esse texto em formato próximo de crônica para corrigir falha da resenha da estreia do show Rota 69. Na crítica, elogiei bastante o show (cotado com ★ ★ ★ ★ 1/2), mas não ressaltei a habilidade de Marina Lima como instrumentista, sobretudo quando ela sola na guitarra um trecho da marcha-frevo Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979), sucesso de Gal Costa (1945 – 2022) a partir de 1982.
A própria Marina me chamou atenção para essa falha na crítica em respeitosa mensagem privada na rede social. Ontem, revendo o show. constatei que ela tinha razão. O solo da artista em Bloco do prazer evidencia o talento da instrumentista, às vezes abafado pela produção da compositora e pelo canto da intérprete, há tempos já bem-resolvida com a questão da voz. Que, aliás, já nem é mais uma questão.
Enfim, Marina Lima chegou em forma ao fim da turnê Rota 69. Resta aguardar a próxima parada da artista.
Fonte da Matéria: g1.globo.com