Deputados democratas do Texas tiveram que deixar às pressas um hotel em Illinois após uma ameaça de bomba, na manhã desta quarta-feira (6). O grupo, que havia deixado o estado para impedir a aprovação de um projeto de lei de Donald Trump que redesenha distritos eleitorais, estava hospedado no local quando a ameaça foi feita. A ação, segundo a deputada Ann Johnson, foi consequência de uma “retórica perigosa”, citando ameaças anteriores em sua carreira como ex-promotora na área de tráfico humano, mas nunca de um governador ou do próprio Trump. “Olha só, uma ameaça de bomba! Isso é inacreditável!”, exclamou Johnson.
A CBS News informou que a polícia investigou a ameaça, evacuou o hotel, mas não encontrou nenhum artefato explosivo. A ação, no entanto, expôs a tensão política em torno da proposta de Trump, que visa diluir distritos democratas em áreas republicanas no Texas, podendo aumentar a bancada republicana na Câmara dos Representantes em Washington em até cinco cadeiras. Na real, a situação tá tensa!
Esse projeto, apoiado pelo governador republicano Greg Abbott, que emitiu ordens de prisão para os deputados “foragidos”, pretende alterar os limites dos distritos eleitorais antes das eleições de meio de mandato de 2026. A manobra, considerada por muitos como “gerrymandering”, provoca forte reação dos democratas. Com a ausência dos deputados, o quórum não foi alcançado na Câmara texana nesta terça-feira (5), impedindo a votação do projeto. A sessão especial convocada por Abbott vai até 19 de agosto.
É importante ressaltar: as ordens de prisão são de natureza civil e não obrigatoriamente cumpridas fora do Texas. Como obstruir o quórum não é crime, os deputados não correm risco de extradição ou indiciamento criminal.
No sistema eleitoral americano, diferente do Brasil, a eleição para a Câmara dos Representantes se dá por distritos, e não por votação proporcional estadual. O redesenho distrital geralmente ocorre após o censo decenal, mas o caso do Texas abre um precedente preocupante. Os republicanos temem que uma retomada da maioria democrata no Congresso dificulte a aprovação de projetos de Trump.
A estratégia dos democratas texanos, de sair do estado para bloquear a votação, já foi usada no passado. Em 2004, após o censo de 2000, democratas também deixaram o estado para impedir a aprovação de um projeto semelhante, que acabou sendo aprovado e resultou em cinco cadeiras a mais para os republicanos. Me parece que a história tá se repetindo!
O redesenho de distritos, especialmente quando motivado por ganhos partidários, é um tema controverso. Em 2019, a Suprema Corte dos EUA decidiu não interferir em casos de “gerrymandering”, mas a prática pode ser questionada judicialmente se violar a Lei do Direito ao Voto, que protege minorias raciais. A decisão do Texas já gerou reações em outros estados, com alguns governadores democratas, como Gavin Newsom (Califórnia) e Kathy Hochul (Nova York), demonstrando abertura para adotar medidas semelhantes em seus estados, enquanto outros, como Ron DeSantis (Flórida), avaliam a possibilidade. O governador de Ohio também pode aproveitar a oportunidade para aumentar a vantagem republicana na Câmara. A situação, portanto, é extremamente complexa e com desdobramentos ainda incertos.
Fonte da Matéria: g1.globo.com