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Ameaça de bomba força saída de deputados democratas do Texas após protesto contra projeto de Trump

Deputados democratas do Texas tiveram que deixar às pressas um hotel em Illinois na manhã desta quarta-feira (6), após uma ameaça de bomba. A ação interrompeu o protesto do grupo contra um projeto de lei do ex-presidente Donald Trump que visa redesenhar os distritos eleitorais do estado, favorecendo os republicanos. Olha só a situação!

Desde segunda-feira (4), esses deputados estão fora do Texas para impedir que o projeto seja aprovado na Assembleia Legislativa estadual. A manobra, digna de filme, visa evitar o quórum necessário para a votação. A estratégia? Simples: sem deputados democratas, sem votação. Afinal, os republicanos, apesar de maioria na Câmara texana, precisam do quórum para aprovar o projeto.

A deputada estadual Ann Johnson, que faz parte do grupo, relatou a ameaça em suas redes sociais: “Uma ameaça de bomba forçou nossa evacuação esta manhã – resultado de uma retórica perigosa. Já enfrentei ameaças antes, como ex-promotora na área de tráfico humano, mas nunca vindas de um governador ou do presidente Trump!”. Nossa, que situação tensa!

Segundo a CBS News, a polícia investigou a ameaça, mas não encontrou nenhum artefato explosivo. Ainda assim, a evacuação do hotel foi necessária por precaução.

O projeto em questão, apoiado por Trump e pelo governador republicano Greg Abbott, pretende diluir distritos democratas em áreas de maioria republicana. A ideia? Ampliar a bancada republicana na Câmara dos Representantes em Washington em até cinco cadeiras. Abbott, aliás, já emitiu ordens de prisão para os deputados que deixaram o estado. Mas, calma, são ordens de prisão civil, e não há risco de extradição, já que obstruir o quórum não é crime.

A sessão especial convocada por Abbott para votar o redesenho distrital vai até 19 de agosto. Até lá, a saga dos democratas texanos promete continuar. Afinal, o redesenho distrital, ou “gerrymandering”, como é conhecido nos EUA, é uma prática polêmica que gera muita discussão.

Esse tipo de manipulação de limites territoriais para favorecer um partido político é algo que gera muita controvérsia. No caso do Texas, os republicanos não escondem o objetivo eleitoral por trás da proposta. E, segundo especialistas, o precedente aberto pelo Texas pode ser seguido por outros estados.

A disputa por cadeiras na Câmara dos Representantes dos EUA se dá por distrito, diferente do sistema proporcional brasileiro. O redesenho distrital costuma acontecer a cada dez anos, após o censo populacional. Mas, como vimos, não há impedimento legal para que um estado faça isso antes, mesmo com motivação puramente política.

O Texas já passou por isso antes. Em 2004, após o censo de 2000, uma manobra semelhante, comandada pelo então líder da maioria republicana na Câmara, Tom DeLay, resultou em cinco cadeiras a mais para os republicanos.

Agora, a questão é: outros estados seguirão o exemplo do Texas? A governadora da Califórnia, Gavin Newsom, já ameaçou retaliar, buscando ampliar a representação democrata em seu estado. Já em Ohio, o Partido Republicano, que tem uma vantagem considerável na Câmara, pode tentar expandir ainda mais sua influência. E na Flórida, o governador Ron DeSantis também estuda a possibilidade de um redesenho antecipado.

Enquanto isso, a situação dos deputados democratas do Texas continua incerta, pendurada entre a ameaça de prisão e a luta pela preservação da representatividade democrática no país. Acompanharemos os próximos capítulos dessa história.

Fonte da Matéria: g1.globo.com