A disputa entre Colômbia e Peru por uma ilha recém-emergida no rio Amazonas esquentou! Deu-se um acirramento diplomático que agora, olha só, virou um embate militar. Em 7 de agosto de 2025, o Peru mandou tropas para a ilha de Santa Rosa, localizada na tríplice fronteira com o Brasil. A Colômbia e o Peru, ambos, reivindicam a ilha como território próprio.
A reação colombiana não demorou. As Forças Armadas reforçaram o contingente militar em Letícia, cidade colombiana vizinha à ilha. Sabe? O presidente Gustavo Petro, pra deixar bem claro sua posição, foi até Letícia na quinta-feira, dia 7, transferindo uma comemoração da vitória colombiana sobre a Espanha – que, normalmente, acontece a mais de 1.000 quilômetros dali. No mesmo dia, o primeiro-ministro peruano, Eduardo Arana, e ministros visitaram a região. A imprensa peruana, inclusive, reportou sobrevoos de aviões militares colombianos em seu espaço aéreo.
Essa escalada, na real, é a ponta do iceberg de uma crise que começou em 2024, mas que explodiu essa semana. Na terça-feira (5), a Colômbia acusou o Peru de apropriação da ilha, que surgiu por sedimentação do rio Amazonas dentro da área peruana, segundo uma divisão territorial feita há quase um século. Os militares peruanos, ao chegar em Santa Rosa, hastearam várias bandeiras peruanas. “Quero explicações sobre o helicóptero com militares em Santa Rosa, já que a posse da ilha ainda não foi definida”, protestou Petro.
O presidente colombiano defende uma nova convenção, já que a ilha é “nova” e não consta no tratado de fronteira. “A ideia do tratado era garantir que todos os países tivessem acesso ao rio Amazonas”, explicou Petro ao jornal espanhol “El País”.
A questão central é o controle do rio Amazonas. Projeções indicam que, por volta de 2030, o curso do rio, atualmente dividido pela ilha de Santa Rosa, se desviará totalmente para o lado peruano. Isso porque o rio Amazonas tem um fluxo instável e sofrido com a diminuição do seu leito nos últimos anos. Com isso, Letícia, a porção colombiana da tríplice fronteira, perderia seu acesso ao rio. “Tudo aqui sempre foi peruano: a comida, as pessoas, as escolas, a bandeira”, afirmou Arnold Pérez, morador da ilha, à rádio colombiana Caracol.
A diplomacia também entrou em campo, com as autoridades dos dois países trocando farpas em notas oficiais. Segundo o “El País”, a crise começou em 2024, quando uma autoridade colombiana reclamou da ocupação peruana da ilha. Na época, a situação foi resolvida diplomaticamente. Mas, em julho de 2025, o Peru criou o distrito de Santa Rosa de Loreto, incluindo a ilha em disputa. Isso irritou a Colômbia. Petro, no X (antigo Twitter), acusou o Peru de apropriação ilegal da área, violando um tratado de fronteira. A chancelaria colombiana argumentou que a ilha surgiu após a assinatura do tratado e que sua soberania precisa ser negociada. O Peru, por sua vez, rebateu as acusações, afirmando que Santa Rosa está na Ilha de Chinería, atribuída ao Peru em 1929, e que a região tem administração peruana há décadas. O jornal peruano La República, aliás, destacou a situação de abandono da ilha, com falta de infraestrutura básica e população em situação de vulnerabilidade.
Essa tensão se soma a um histórico conturbado. As relações entre os dois países estão fragilizadas desde 2022, após a destituição do então presidente peruano Pedro Castillo, episódio considerado um golpe de Estado por Petro, levando à retirada de embaixadores. Desde então, as relações são conduzidas por encarregados de negócios. A situação, portanto, é delicada e merece atenção.
Fonte da Matéria: g1.globo.com