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Aliado de Putin despreza ultimato de Trump sobre Ucrânia

Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança russo e braço direito de Vladimir Putin, mandou um recado claro e direto para Donald Trump: a Rússia tá pouco se lixando para as ameaças do ex-presidente americano. Na terça-feira (15), Medvedev postou em inglês no X (antigo Twitter): “Trump lançou um ultimato teatral ao Kremlin. O mundo tremeu, esperando as consequências. A Europa ficou decepcionada. A Rússia? Nem ligou”. A declaração veio como resposta ao ultimato de Trump: se a Rússia não fechar um acordo de paz na Ucrânia em 50 dias, ele imporia tarifas de 100% sobre o país e seus aliados econômicos.

Olha só que situação! Na segunda-feira (14), Trump soltou os cachorros, prometendo essas tarifas pesadas durante uma entrevista à BBC. Ele disse que, apesar da decepção, “ainda não desistiu” de Putin. A reação russa não demorou. O Kremlin classificou a fala de Trump como “séria” e disse que precisaria de tempo para analisar tudo.

O vice-chanceler Sergey Ryabkov foi mais direto: “A Rússia não aceita imposições, muito menos ultimatos!” Ele acusou a Ucrânia de não querer negociar um cessar-fogo. Já o chanceler Sergey Lavrov, por sua vez, disse que quer entender o que Trump quis dizer com esse prazo de 50 dias. “Já vimos prazos de 24 horas, de 100 dias… A gente precisa entender a motivação dele”, afirmou Lavrov, mostrando certo ceticismo. Ele ainda garantiu que a economia russa aguenta o tranco de novas sanções, assim como aguentou as anteriores desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Tanto Peskov, porta-voz do Kremlin, quanto Ryabkov reiteraram a disposição russa para novas negociações diretas para o fim da guerra. Mas, na real, as conversas estão num impasse. A Europa considera as exigências russas – que incluem a Ucrânia cedendo cerca de 20% do seu território – inaceitáveis.

A Rússia também mostrou sua insatisfação com a coordenação da OTAN no envio de armas para a Ucrânia, principalmente as novas armas prometidas por Trump, que serão pagas pela aliança militar ocidental. Agências estatais russas como a RIA Novosti e a Tass afirmaram que os países da OTAN não estão interessados na paz na Ucrânia.

**Ameaças e armas: A reviravolta de Trump**

A ameaça de Trump de aplicar tarifas de 100% à Rússia e seus aliados, além das já existentes, foi uma reviravolta e tanto. Ele justificou a medida dizendo que o comércio é uma ferramenta excelente para resolver guerras. Isso, após os EUA terem aplicado um pacote de sanções pesadas à Rússia em março de 2022, reduzindo o comércio bilateral para US$ 3,5 bilhões em 2024, segundo o Escritório do Representante Comercial dos EUA.

Mas as declarações de Trump não pararam por aí. Ele anunciou também o envio de mais armamentos para a Ucrânia, marcando uma mudança de postura. Após desavenças ao longo do ano, incluindo a suspensão do envio de mísseis e munições de precisão pelo Pentágono em julho, Trump confirmou o envio de mais sistemas antimísseis Patriot, considerados pelos russos uma “provocação”. Ele ainda disse que a OTAN fornecerá as baterias de lançamento, acelerando o uso do sistema pelas tropas ucranianas.

Essa mudança de rota é significativa. Desde o início de seu segundo mandato, em janeiro de 2025, Trump vinha sinalizando uma aproximação com Putin, chegando a cogitar um acordo de cessar-fogo sem a Ucrânia. Em fevereiro, no entanto, ele teve um embate público com Zelensky na Casa Branca, acusando o presidente ucraniano de querer uma Terceira Guerra Mundial. A reunião foi interrompida e Zelensky deixou o local mais cedo.

Embora tenha chegado a elogiar Putin, Trump vem demonstrando cada vez mais decepção com o líder russo, principalmente após as sucessivas recusas de Moscou às condições americanas para um cessar-fogo. Recentemente, ele chegou a chamar Putin de “inútil” e criticou os bombardeios russos na Ucrânia.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, comemorou a postura mais dura de Trump contra a Rússia, mas achou o prazo de 50 dias muito longo. “É positivo, mas 50 dias é muito tempo, considerando que civis inocentes estão morrendo todos os dias”, disse ela.

Fonte da Matéria: g1.globo.com