O governo brasileiro deu mais um passo na resposta ao “tarifaço” imposto pelos EUA: o Conselho de Ministros da Camex (Câmara de Comércio Exterior) aprovou, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, a abertura de uma consulta na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as medidas protecionistas americanas. A decisão, porém, ainda precisa do aval final do presidente Lula. “Tá aprovado na Camex, agora o presidente Lula decide como e quando a gente aciona a OMC”, explicou Alckmin.
Essa consulta é a primeira etapa de um processo formal de contestação. Se não houver acordo, o Brasil poderá solicitar a formação de um painel de arbitragem na OMC. A gente tá falando de um impacto pesado, viu? Cerca de 35% das exportações brasileiras para os EUA estão sujeitas à taxa de 50% imposta pelo governo Trump, que entrou em vigor na quarta-feira (6).
Olha só: suco de laranja e minérios escaparam do “tarifaço”, mas setores importantes como carne, café, frutas e móveis, entre outros, foram atingidos em cheio por essa sobretaxa de 50%. A luta agora, segundo Alckmin, é reduzir essa alíquota ou, quem sabe, tirar esses setores da lista.
O governo, na real, tá numa correria. Já rolou reunião com o agronegócio, e outra tá marcada pra amanhã. “A gente tá ouvindo todo mundo e trabalhando firme pra defender os interesses do Brasil”, garantiu Alckmin. Ele também comentou sobre a busca por novos mercados, citando a União Europeia e o Reino Unido como possibilidades. “Teve um bloqueio sanitário lá atrás, mas dá pra superar”, disse o ministro, otimista.
Mas nem todo mundo tá tão confiante. Eduardo Lobo, presidente da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescado), classificou a reunião como “mais do mesmo”. Para ele, as demandas do setor, que esperava ser excluído da lista, se repetem há dez dias. “A gente vê que tem preocupação, mas nenhuma medida efetiva que garanta empregos e produção chegou ainda. Principalmente no setor de pescados, a expectativa era grande e não rolou nenhuma solução”, desabafou Lobo aos jornalistas.
A Abipesca, segundo Lobo, precisa com urgência de uma linha de crédito barata para manter empregos e produção. “Nosso tempo não é médio prazo, é agora! Não adianta ter urgência se a gente não recebe ajuda. Precisa ser para ontem!”, ressaltou, mostrando a preocupação do setor. Alckmin, por sua vez, disse que o plano de contingência está sendo finalizado e que “em questão de dias isso será resolvido. Com a gente, não tem pré-datado, é PIX. Na hora que resolver, paga!”, assegurou.
Uma boa notícia: o programa Acredita Exportação entrou em vigor nesta segunda. Pequenas empresas que exportam recebem de volta 3% do valor exportado. “O setor pediu pra estender esse benefício às empresas afetadas pelas exportações para os EUA”, explicou Alckmin.
E o plano de contingência? O MDIC anunciou investimentos de R$ 2,4 bilhões na compra de mais de 10 mil equipamentos de saúde, priorizando produtos nacionais. Sobre a possibilidade de incluir alimentos perecíveis nas compras públicas, Alckmin confirmou que o plano prevê medidas de assistência nesse sentido. “O plano tem várias medidas, crédito, compras governamentais… Ainda tá sendo finalizado, mas logo vamos anunciar tudo”, completou.
Fonte da Matéria: g1.globo.com