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Adeus à Inconfundível Voz de Angela Ro Ro: Velório Acontece Nesta Terça

A notícia pegou a todos de surpresa: Angela Ro Ro, a icônica cantora e compositora, nos deixou na manhã desta segunda-feira (8), aos 75 anos. A artista, dona de uma voz inconfundível que misturava blues, samba-canção, bolero e rock com maestria, deixou um legado inesquecível na música brasileira.

O velório de Angela, para amigos e familiares, será realizado nesta terça-feira (9), no Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, região central do Rio de Janeiro. A cerimônia acontecerá na capela Ecumênica I, das 13h às 16h. Uma despedida reservada, mas que com certeza refletirá o imenso carinho e admiração que ela conquistou ao longo da vida.

Angela estava internada desde junho no Hospital Silvestre, em Cosme Velho, Zona Sul carioca, devido a uma grave infecção pulmonar. A situação dela se agravou com o passar do tempo, incluindo uma traqueostomia. Segundo seu advogado, Carlos Eduardo Lyrio, uma nova infecção infelizmente a levou ao óbito. A certidão de óbito cita infecção generalizada e pneumonia bacteriana como causas da morte.

Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves, ela ganhou o apelido “Ro Ro” na infância, por conta de sua voz grave, uma marca registrada que a acompanhou por toda a carreira. Iniciou seus estudos de piano clássico aos 5 anos, um talento que se desenvolveria em uma trajetória brilhante e única.

Sua jornada musical começou na década de 1970, após uma viagem à Itália, onde conheceu o cineasta Glauber Rocha, figura importante em sua trajetória. Depois, morou em Londres, trabalhando como faxineira em hospital, garçonete e até lavando pratos em um restaurante, além de se apresentar em pubs. Foi por indicação de Glauber que participou do álbum “Transa”, de Caetano Veloso, tocando gaita em uma das faixas.

De volta ao Rio, ela se apresentou em casas noturnas e assinou contrato com a Polygram/Polydor (atual Universal Music). A trajetória de Angela foi marcada por sucessos memoráveis, sua voz rouca e a melancolia que permeava suas canções sobre o amor e a “vida louca vida” conquistaram gerações.

Em 1980, vestida de smoking, ela se apresentou sozinha no Teatro Fênix, interpretando o clássico “Amor, Meu Grande Amor”, um marco que revelou ao Brasil uma artista que expressava os sentimentos femininos com muita força e sensibilidade. Na mesma noite, dividiu o palco com a lendária Angela Maria.

Influenciada por grandes nomes como Ella Fitzgerald, Maysa e Elis Regina, Angela construiu uma obra admirável, regravada por artistas como Ney Matogrosso (“Balada da Arrasada”), Maria Bethânia (“Fogueira”) e Frejat (“Amor, Meu Grande Amor”). Isso só prova o impacto duradouro de sua música.

Apesar do sucesso, Angela Ro Ro também enfrentou momentos desafiadores. Conhecida por seus excessos, ela mesma falou abertamente sobre suas tentativas de autodestruição. Gay assumida desde o início de sua carreira, viveu intensamente, experimentando amores, paixões e também dificuldades financeiras e de saúde nos últimos anos, o que a afastou dos palcos. Chegou a pedir ajuda financeira nas redes sociais. Sua última apresentação foi em maio, no Teatro Rival.

E olha só: antes de sua internação, Angela colaborou na produção de um documentário sobre sua vida, dirigido por Liliane Mutti, a mesma diretora de “Miúcha – A voz da bossa nova” (2022). Intitulado “Angela Ro Ro”, o documentário está em fase final de produção. Que notícia incrível, mesmo em meio a essa tristeza! Um legado que vai além da música. A memória e a obra de Angela Ro Ro permanecerão vivas na lembrança de todos.

Fonte da Matéria: g1.globo.com