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Adeus a Décio Otero: Balé Stagium lamenta a morte do fundador aos 92 anos

São Paulo amanheceu mais triste nesta terça-feira (29). Na noite de segunda-feira, 28 de julho de 2025, por volta das 22h50, o bailarino e coreógrafo Décio Otero, aos 92 anos, nos deixou. A notícia foi confirmada pelo próprio Ballet Stagium, grupo que ele fundou e que se tornou um marco na dança brasileira. A publicação nas redes sociais do Stagium expressava a dor da perda com palavras comoventes: “O céu ficou mais bonito. É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do Maestro Décio Otero… Sua presença iluminou nossas vidas e seu amor permanecerá em nossos corações para sempre”. A mensagem ainda celebrava o legado do artista: “Que possamos encontrar conforto nas memórias que compartilhamos e na certeza de que seu legado, mais de 80 ‘Obras Primas’ e sua beleza, viverá em cada um de nós”.

Nascido em Ubá, Minas Gerais, em 15 de julho de 1933, Otero iniciou seus estudos em dança aos 17 anos, em 1951, no Ballet de Minas Gerais, sob a direção de Carlos Leite. Ali, em Belo Horizonte, conheceu o casal Angel e Klauss Vianna, encontro que marcaria sua trajetória. Em 1956, a convite da diretora Tatiana Leskova, ingressou no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tornando-se solista no ano seguinte. Olha só, que carreira brilhante! Ele dividiu o palco com grandes nomes do balé brasileiro, como Maryla Gremo, Eugênia Feodorova, Dalal Achcar e Nina Verchinina. No mesmo ano, conheceu Marika Gidali, bailarina húngara que se tornaria sua esposa e parceira na construção do Ballet Stagium.

Sua trajetória internacional foi igualmente impressionante. Em 1959, integrou o elenco do Ballet do Rio de Janeiro, sob a direção de Dalal Achcar, participando de turnês internacionais. Entre 1959 e 1960, colecionou prêmios por suas performances em peças como o Pas de Deux de Cisne Negro, de Eugênia Feodorava, e Yara, de Vania Psota. Incrível, né? Em 1964, convidado por Beatriz Consuelo, dançou no Ballet du Grand Théâtre de Genève, na Suíça. Dois anos depois, estava no Balé da Ópera de Colônia, na Alemanha, interpretando obras de gigantes como George Balanchine e Harald Lander. Esse contato com Lander o levou, em 1967, a estrelar o filme musical King, em Copenhagen, Dinamarca. Ainda em 1967, tornou-se primeiro-bailarino do Balé da Ópera de Frankfurt.

O retorno ao Brasil, em 1970, marcou uma nova fase. Durante uma viagem a Curitiba para ministrar um curso no Balé Teatro Guaíra, Marika Gidali sugeriu que juntos criassem o programa “Convite à Dança”, na TV Cultura. Essa experiência culminou na fundação do Ballet Stagium, em parceria com Marika. Juntos, construíram uma companhia de enorme sucesso, com mais de 100 coreografias criadas por Otero. Seu talento foi reconhecido com diversos prêmios, incluindo o Prêmio Governador do Estado de São Paulo (1961) e diversos prêmios APCA (1974, 1977 e 1979). Em 2005, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, do Distrito Federal. Além da dança, Otero deixou como legado os livros “As Paixões da Dança” (Editora Hucitec, 1999) e “Marika Gidali” (Editora Senac, 2001).

O portal Mud, especializado em dança, resumiu brilhantemente o legado de Otero: “fez da dança um gesto político, poético e coletivo”, numa trajetória que atravessa mais de sete décadas, unindo palcos, televisão, formação de artistas e uma criação profundamente conectada com o Brasil. Seu trabalho permanece vivo na dança brasileira, nas gerações que formou e nas histórias que transformou em arte. Viva o legado de Décio Otero!

Fonte da Matéria: g1.globo.com