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“A Grande Viagem da Sua Vida”: Romance Bonito, Mas Que Poderia Ter Arriscado Mais

“A Grande Viagem da Sua Vida”, estrelado por Margot Robbie (“Barbie”) e Colin Farrell (“Pinguim”), é um filme bonito, sim, até emocionante em alguns momentos. Mas, na real, a história, dirigida pelo sul-coreano Kogonada (“A Vida Depois de Yang”), fica devendo em ousadia. Estreando nos cinemas brasileiros em 18 de agosto, a premissa é ótima, mas o filme não se joga de corpo e alma na aventura que promete o título.

A trama acompanha dois desconhecidos – interpretados por Robbie e Farrell, que, olha só, estão em fases incríveis de suas carreiras – que se encontram no casamento de uma amiga em comum. Apesar da química evidente entre eles, inicialmente seguem caminhos separados. Até que… um GPS excêntrico, desses de agência misteriosa, dá a eles uma proposta inusitada: uma viagem.

E que viagem! Relutantes, no começo – tipo assim, quem toparia uma jornada dessas sem pensar muito? – eles embarcam numa aventura que os leva por portais mágicos, em momentos cruciais de seus passados. É uma jornada fantástica pelos traumas que moldaram quem eles são, sabe? E, graças ao carisma inacreditável e à química explosiva entre Robbie e Farrell, a gente se emociona bastante.

O casal não foge aos padrões, não. Mas, meu Deus, assistir a dois atores nesse nível, tão confortáveis um com o outro e com o absurdo da situação toda… Isso é incrível! Sem eles, a gente duvido que acreditaria na mágica toda – ou precisaria de uma injeção de insulina pra tanto açúcar!

Agora, falando do roteiro de Seth Reiss (“O Menu”), tem boas ideias, sim. Mas, na minha opinião, ele não soube explorar as melhores delas. A cena em que Farrell, aos 49 anos, interpreta seu eu adolescente, prestes a estrelar um musical escolar e a sofrer a primeira desilusão amorosa, é fascinante! Pena que foi a única sequência desse tipo. Parece que Reiss teve medo da crítica, esqueceu que filmes como esse não são feitos para os cínicos.

Ainda bem que Kogonada mantém a sensibilidade que mostrou em “Columbus” (2017) e “A Vida Depois de Yang” (2021), onde dirigiu Farrell. Neste novo trabalho, ele troca a melancolia de seus filmes anteriores pela magia romântica. Apesar de um certo desalento nos protagonistas, o amadurecimento do relacionamento deles vai te tocar. A metáfora pode não ser das mais sutis, mas os momentos visualmente impactantes compensam.

O título original, “A big bold beautiful journey” (“Uma jornada grande, linda e ousada”), é bem mais expressivo. Na tradução, a beleza ficou, mas a ousadia… essa se perdeu pelo caminho. Uma pena! O filme é bom, mas poderia ter sido ainda melhor se tivesse arriscado mais.

Fonte da Matéria: g1.globo.com