Julho foi um mês tenso nas relações entre Brasil e EUA, com Lula, Donald Trump, Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes no centro do furacão. A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, segundo o jornal americano *The Washington Post*, tá mais para tiro pela culatra do que estratégia eficaz. Ishaan Tharoor, colunista de assuntos internacionais do jornal, crava: o “bullying” de Trump contra o Brasil está se mostrando contraproducente.
O *Post* destaca que, enquanto Trump intimidou outros países da região com ameaças tarifárias, fazendo-os ceder a Washington, a situação é diferente com o Brasil. Afinal, nossa economia é bem maior e mais diversificada. Apesar do discurso de Trump sobre desequilíbrio comercial – um superávit significativo dos EUA com o Brasil, na real, – a Casa Branca não esconde o verdadeiro objetivo: proteger Bolsonaro e punir o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga o ex-presidente e combate a desinformação online.
A coisa ficou feia: na sexta-feira, 18 de julho, o governo americano suspendeu os vistos americanos do ministro Moraes, além de outros ministros do STF e do procurador-geral Paulo Gonet. Um funcionário do Departamento de Estado, falando sob condição de anonimato, soltou: “Difícil imaginar algo mais prejudicial à credibilidade dos EUA na defesa da democracia do que punir um juiz da Suprema Corte de um país estrangeiro só porque não gostamos das decisões dele”. Nossa!
Ironia do destino: a pressão americana, impulsionada por Bolsonaro, acabou fortalecendo Lula. Pesquisas mostram aumento na popularidade do presidente, que soube aproveitar a crise. E a coisa não para por aí: as tarifas também prejudicam as elites empresariais, que geralmente apoiam a oposição a Lula. Um alto diplomata brasileiro, também sob anonimato, resumiu: “O Papai Noel chegou cedo para Lula, presente de Trump em forma de ataque desajeitado à soberania brasileira, para proteger um aspirante a ditador e um perdedor declarado. Agora, parte dos eleitores de Bolsonaro, principalmente no setor financeiro e empresarial, estão se voltando contra ele”.
A repercussão nos EUA foi imediata. Centenas de comentários no *Washington Post* criticam as ameaças de Trump e o uso de sanções econômicas para defender aliados. Um leitor, por exemplo, foi direto: “As tarifas de Trump não são instrumentos comerciais, são caprichos dele”. Parece que a jogada de Trump não deu certo, né?
Fonte da Matéria: g1.globo.com