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A Compra do Alasca: Um Negócio Histórico que Mudou os EUA

Olha só, sexta-feira, 15 de agosto, todos os olhos estarão voltados para o Alasca! É lá que os presidentes Donald Trump (EUA) e Vladimir Putin (Rússia) vão se encontrar. A Casa Branca confirmou na terça-feira, 12 de agosto, que a reunião rola em Anchorage. A pauta principal? Pressão americana para um acordo que ponha fim à guerra na Ucrânia – uma luta que o governo Trump vem tentando resolver, sem muito sucesso, até agora.

Esse encontro tem um significado histórico, viu? Afinal, os EUA compraram o Alasca da Rússia lá em 1867. Trump anunciou a reunião na sexta-feira, 8 de agosto, no mesmo dia em que expirou o prazo que ele mesmo deu à Rússia para um cessar-fogo, sob pena de novas sanções americanas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já se manifestou, dizendo que qualquer acordo sem a participação de Kiev seria “uma decisão morta”. Ele participa de uma reunião virtual com Trump, o vice-presidente J.D. Vance e líderes da União Europeia na quarta-feira, 13 de agosto.

Será o primeiro encontro presencial entre Trump e Putin desde 2019, durante o primeiro mandato de Trump. A Casa Branca não explicou a escolha do Alasca para o encontro, mas o assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, achou a escolha “bastante lógica”, já que os países são vizinhos, separados apenas pelo Estreito de Bering. “Parece bastante lógico que nossa delegação simplesmente sobrevoe o Estreito de Bering e que uma cúpula tão importante e esperada dos líderes dos dois países seja realizada no Alasca”, disse Ushakov.

O governador republicano do Alasca, Mike Dunleavy, comemorou a decisão, chamando-a de “histórica”. Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), ele destacou a posição estratégica do Alasca: “O Alasca é o local mais estratégico do mundo, situado na encruzilhada entre a América do Norte e a Ásia, com o Ártico ao norte e o Pacífico ao sul. Com apenas três quilômetros separando a Rússia do Alasca, nenhum outro lugar desempenha um papel mais vital em nossa defesa nacional, segurança energética e liderança no Ártico. É apropriado que discussões de importância global ocorram aqui.”

Aliás, em 2008, a ex-governadora republicana Sarah Palin já havia chamado atenção para a proximidade entre o Alasca e a Rússia, afirmando que a Rússia é visível de uma ilha no Alasca. A última vez que o Alasca foi palco de um evento internacional de grande porte foi em março de 2021, quando a equipe de Joe Biden se reuniu com representantes chineses em Anchorage.

Mas, afinal, como esse pedaço de terra gelada foi parar nas mãos dos americanos? Foi um golpe de sorte? Ou o melhor negócio da história?

Os EUA compraram o Alasca do Império Russo em 30 de março de 1867, por US$ 7,2 milhões – cerca de US$ 152 milhões em 2024. Na época, era uma imensidão isolada, sem muita utilidade aparente. Muitos criticaram a compra, chamando-a de “loucura de Seward”, em referência ao secretário de Estado William Seward, responsável pelo negócio.

Mas o tempo provou que Seward estava certo! A aquisição foi um dos investimentos mais lucrativos da história. Foram mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados adicionados ao território americano. E o Alasca é muito mais que gelo: menos de 20 anos depois da compra, começou a corrida do ouro. E, no século XX, enormes reservas de petróleo foram descobertas no norte do Estado, gerando milhares de dólares em lucros desde então.

Hoje, o Alasca tem uma economia forte, com cerca de 740 mil habitantes e um PIB de aproximadamente US$ 54,9 bilhões em 2024 (em valores reais). Isso representa mais de 350 vezes o valor pago pela Rússia na venda do território. Sem contar a importância estratégica do Alasca para a defesa militar americana.

Acredita-se que a Rússia tenha vendido o Alasca por receio das ambições expansionistas do Reino Unido, que já controlava o Canadá na época. Imaginem só o Czar Alexandre II prevendo que, quase um século depois (1945, início da Guerra Fria), o Alasca se tornaria um posto militar estratégico, com tropas, radares e aviões americanos praticamente na “porta” da Rússia!

Com o olhar de hoje, a venda parece um erro comercial e estratégico da Rússia. Mas não foi a única compra de terras lucrativa para os EUA no século XIX. Em 1803, os americanos compraram a Louisiana da França por US$ 15 milhões (cerca de US$ 415 milhões em 2024), um território ainda maior que o Alasca, correspondente a 15 estados americanos atuais, de Nova Orleans a Montana.

No século XIX, os EUA expandiram seu território de forma significativa com pagamentos irrisórios a potências europeias. Na época, era difícil prever a expansão econômica americana das décadas seguintes. Seward entrou para a história não como um louco, mas como o arquiteto de um dos maiores negócios da história.

*A matéria foi originalmente publicada em 30 de março de 2017 e republicada com atualizações e novas informações sobre o encontro entre os presidentes no Alasca.

Fonte da Matéria: g1.globo.com