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20 Anos de Música Inédita de Marília Mendonça: Uma Herança Musical em Disputa

A rainha da sofrência, Marília Mendonça, mesmo após sua trágica morte em 2021, continua quebrando recordes. “Leão”, lançada em dezembro de 2022, se consagrou como a música mais ouvida pelos brasileiros na história das plataformas digitais – uma prova incontestável de seu legado. Mas a história não para por aí. Prepare-se, fãs, porque a voz inesquecível de Marília vai ecoar por muito tempo ainda! O quinto episódio do podcast “Marília – O outro lado da sofrência” mergulha fundo nesse universo, mostrando a força dos lançamentos póstumos, as negociações acaloradas e as tensões envolvendo a herança musical da artista. Vale a pena conferir!

Marília, que começou a compor aos 12 anos, deixou um acervo gigantesco. Wander Oliveira, empresário da Workshow, empresa que gerenciava a carreira da cantora, estima que haja material suficiente para lançar 10 músicas por ano, durante… 20 anos! Isso mesmo, duas décadas de músicas inéditas! Impressionante, né?

Mas essa herança musical não é gerida apenas pela Workshow. A família, incluindo a mãe de Marília, Ruth Dias, e o cantor Murilo Huff (pai de Léo, o filho de cinco anos da artista), também detém direitos. A Som Livre, por meio de um contrato assinado em 2019, possui os direitos de exploração comercial de toda a obra produzida em vida. Essa combinação de partes – família, gravadora e empresário – precisa trabalhar em uníssono para preservar a imagem de Marília e gerenciar esse tesouro musical.

Nem sempre a harmonia reina. Um exemplo disso foi o lançamento, no início deste ano, de um dueto póstumo entre Marília e Cristiano Araújo (que faleceu em 2015) na música “De Quem É a Culpa?”. A iniciativa partiu da família, e embora Wander Oliveira, o empresário, não tenha concordado, ele acabou autorizando. “Como era desejo da família, não me pareceu prudente vetar. Mas, se tivessem me consultado, eu teria preferido que não fosse feito”, declarou ele.

Um dos pontos de atrito gira em torno de um pen drive, um verdadeiro “Santo Graal” para os fãs. Este dispositivo, que contém entre 100 e 110 arquivos com gravações caseiras, rascunhos de músicas, lives da pandemia e outros registros preciosos, foi compilado por Juliano Soares (“Tchula”), melhor amigo e principal parceiro de composição de Marília. Uma fonte do g1, que teve acesso a algumas faixas, garante que há ali uma música que pode ser considerada uma das melhores da carreira da cantora!

Wander Oliveira, considerando o conteúdo do pen drive como pertencente a Léo, o filho de Marília, afirma ter doado sua parte dos direitos ao espólio do menino, que assumirá a gestão quando completar 18 anos. Entretanto, pouco tempo depois, soube que o advogado da família, Robson Cunha, estava negociando o conteúdo do pen drive com a Som Livre. “Eu não achava que deveria ser meu ou de qualquer pessoa, que não fosse o Léo”, explicou Wander. “Para mim, o pen drive pertence ao Léo. Eu gostaria que, quando ele tivesse entendimento, fosse entregue a ele”.

Robson Cunha, por sua vez, afirma que tudo o que Marília produziu pertence à Som Livre por contrato (2019) e confirmou as negociações com a gravadora para o lançamento das músicas do pen drive, negando qualquer acordo prévio sobre a preservação do conteúdo como herança afetiva. Ele também disse desconhecer a doação alegada por Wander.

A questão central se resume a como negociar esse acervo. Existem dois tipos de contratos principais: cessão (a obra é transferida para a gravadora) e licenciamento (a gravadora usa a obra por tempo determinado). Wander tenta converter parte do contrato de cessão com a Som Livre em licenciamento, para que, após um período, o controle da obra volte para a família e a Workshow. Ele incluiu as músicas do pen drive nessas negociações, após saber da movimentação da família. “Eu acho que isso, de maneira inteligente, deve ser licenciado, não vendido, porque, no futuro, o próprio Léo pode decidir se vende a parte dele ou não”, disse Wander.

Atualmente, todas as negociações estão paralisadas. Segundo Robson Cunha, isso se deve à necessidade de Murilo Huff assinar os contratos que envolvem Léo, o que ainda não ocorreu. “Mas eu acredito que em breve deve acontecer, e aí nós teremos novos lançamentos da Marília”, afirmou o advogado. Murilo Huff e Ruth Dias não quiseram dar entrevistas. Vale lembrar que em junho de 2025, tornou-se pública uma disputa judicial entre os dois, envolvendo a guarda de Léo.

A Som Livre, em nota, reafirmou ser a gravadora exclusiva do repertório de Marília e responsável por lançamentos futuros. A empresa ressaltou que todos os projetos são idealizados em conjunto com o escritório da artista e sua família, com “profundo respeito à memória e ao legado de Marília”. Enquanto isso, a música de Marília continua a ecoar, aguardando o próximo capítulo dessa complexa história.

Fonte da Matéria: g1.globo.com