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Funcionários do Nubank divulgam manifesto contra fim do home office; entenda

Funcionários relatam impactos do fim do remoto no Nubank
Funcionários do Nubank divulgaram um manifesto na última quarta-feira (12), afirmando que a mudança para o modelo híbrido vai exigir uma reorganização profunda na vida pessoal e profissional de cada um.
De acordo com os relatos, muitos teriam aceitado as vagas no banco por conta do regime de home office, e organizaram a vida familiar e financeira em outras cidades, inclusive comprando imóveis e assinando contratos de aluguel.
Trabalhadores alegam que a exigência de retorno presencial pode dificultar a rotina familiar, especialmente para quem cuida de filhos, pais ou outros familiares, tornando mais difícil cumprir os novos requisitos da instituição.
Esses pontos dominaram a plenária virtual organizada pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, realizada na última quarta-feira (12), que reuniu quase 300 participantes. O encontro trouxe críticas à forma como a mudança foi comunicada, questionamentos sobre falta de diálogo e preocupação com demissões por justa causa.
O manifesto também cita estudos e aponta impacto maior sobre cuidadores de pessoas com deficiência. Além disso, afirma que deslocamentos para grandes centros urbanos podem reduzir a renda disponível e afetar a qualidade de vida.
Entenda o caso
A plenária foi realizada após o Nubank anunciar que vai adotar o modelo híbrido de trabalho. O plano prevê dois dias presenciais por semana a partir de julho de 2026 e três dias a partir de janeiro de 2027.
A medida valerá para cerca de 70% do quadro e substituirá o formato atual, que exige apenas uma semana presencial por trimestre.
A mudança gerou reação imediata. No mesmo dia do anúncio, em reunião com o CEO David Vélez, 12 funcionários foram demitidos por justa causa . Em comentários feitos por meio do LinkedIn, Vélez teria indicado que esses colaboradores teriam sido desligados por terem extrapolado os limites aceitáveis do ambiente profissional.
Durante a plenária, trabalhadores afirmaram que as demissões impactaram principalmente pessoas de grupos minorizados, o que aumentou a mobilização.
Em nota oficial enviada ao g1, o Nubank afirmou que mantém “canais e rituais abertos para o livre debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito ou violações de conduta”. “O Nubank não comenta casos individuais de desligamento”, completou o banco.
Logo do Nubank na Bolsa de Valores de Nova York.
Brendan McDermid/ Reuters
O que dizem os funcionários?
Segundo relatos ao sindicato, a mudança para o modelo híbrido não foi negociada e há receio entre trabalhadores, que temem demissões caso não aceitem o aditivo contratual.
Outro ponto recorrente foi o formulário de exceções, usado pelo Nubank para analisar casos específicos. Segundo relatos, o processo só está disponível para cargos com certo nível de senioridade, e algumas áreas não têm acesso à ferramenta.
Entre as reivindicações dos trabalhadores está a reversão da política de retorno ao presencial e uma maior transparência sobre os critérios para concessão de exceções.
Os funcionários também pedem a suspensão de advertências e punições aplicadas após manifestações contrárias à decisão. A reintegração dos 14 demitidos é considerada condição mínima para iniciar negociações.
Os trabalhadores ainda defendem a construção de um acordo coletivo com regras claras e estáveis, garantindo previsibilidade para quem foi contratado em regime remoto.
Defender home office nas redes custou o emprego deles
O que acontece agora?
O sindicato orientou trabalhadores a registrarem denúncias pelos canais oficiais, com garantia de sigilo, e anunciou que uma nova reunião será feita com a direção do Nubank em 19 de novembro.
A entidade informou que pode entrar com ação judicial caso não haja avanço nas negociações, além de pleitear novas plenárias, consolidar relatos para envio ao RH e, se necessário, buscar mediação em órgãos públicos.
O que diz o Nubank?
Segundo o Sindicato, o Nubank ainda não apresentou um posicionamento sobre as demissões e os temas discutidos na plenária.
Em nota enviada ao g1, no entanto, o Nubank afirmou que mantém o diálogo “aberto e transparente”.
“O Nubank esclarece que mantém diálogo aberto e transparente com todas as entidades representativas apropriadas”, afirmou em nota.
A instituição também afirmou que a transição para o modelo híbrido foi planejada para combinar “o melhor do presencial e do remoto”, reiterando que as alterações terão implementação gradual.
Ainda segundo o banco, a mudança busca “fortalecer a cultura, aumentar colaboração e acelerar inovação, com base em estudos internos e comparações com empresas de alta performance”.
O Nubank informou que oferecerá suporte à realocação e analisará exceções para casos específicos, mas reforçou que o trabalho presencial será o novo padrão para a maior parte das equipes, destacando que continua a avaliar todos os feedbacks recebidos pelos funcionários.
O banco ainda afirmou que está investindo em novos escritórios no Brasil e no exterior e reiterou que o período de transição permitirá ajustes individuais antes da implementação completa.
Por que tantos profissionais preferem se demitir a deixar o home office?
A sede do Nubank em São Paulo.
Getty Images via BBC

Fonte da Matéria: g1.globo.com