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E-mails de Epstein: Trump é atingido por escândalo que ele próprio trouxe à tona

Congresso dos EUA divulga emails com relações sobre o grau de proximidade entre Trump e Jefrey Epstein
Por mais que Donald Trump tente se distanciar do criminoso sexual Jeffrey Epstein, seu nome volta com força ao centro do escândalo e reacende mais suspeitas sobre o relacionamento entre os dois.
Os e-mails divulgados por democratas da Câmara dos Representantes indicam que o republicano sabia dos crimes de seu então amigo, de quem se distanciou em 2004, e têm potencial para atormentar o governo e inflamar a própria base política do presidente americano.
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O caso Epstein é como um calo num sapato apertado que aflige Trump. Candidato à Presidência, ele prometeu total transparência em relação ao financista, assim como a divulgação de todos os documentos relacionados aos seus crimes, acatando as demandas do seu movimento Maga (acrônimo de “Façam os EUA grandes novamente”, em português).
Trump contava, com isso, atingir seus adversários. Volta e meia, ele levantava suspeitas sobre os laços estreitos de Bill Clinton com Epstein, acusando-o de frequentar a mansão e o avião do ex-financista.
Trump insistia em negar todas as alegações que o associavam aos crimes de Epstein, acusado de administrar uma rede sexual com jovens menores de idade. Ele morreu na prisão, em 2019, enquanto aguardava julgamento, e sua morte foi considerada suicídio.
De volta à Casa Branca, o presidente tentou se afastar do tema, ressaltando o desprezo pelo ex-amigo. Em julho, o Departamento de Justiça e o FBI determinaram que não havia provas sobre uma lista de clientes poderosos do ex-financista tese levantada anteriormente pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, que acusara o governo democrata de encobrir evidências sobre o caso.
Donald Trump aparece em uma festa ao lado de Jeffrey Epstein.
Reprodução/Netflix
O órgão liderado por Bondi confirmou ainda que Epstein havia cometido suicídio enquanto estava sob custódia. Esta reviravolta deu por encerrada a fase 1 dos arquivos confidenciais do financista pedófilo e desagradou à base de Trump, fomentando novas teorias de conspiração.
Paralelamente a isso, a Ghislaine Maxwell, cúmplice de Epstein que cumpre pena de 20 anos, foi transferida para uma prisão de segurança mínima, após uma conversa de nove horas com o vice-procurador Todd Blanche. Os democratas denunciaram o tratamento preferencial como resultado de um acordo privado para proteger o presidente em troca de seu indulto.
Nos três e-mails de Epstein, divulgados nesta quarta-feira, ele menciona diretamente Trump e o implica em seu esquema de tráfico e abuso sexual de menores. Um deles, de 2011, endereçado à ex-namorada e sócia Ghislaine Maxwell, ele conta que Trump passou horas em sua casa com uma das vítimas.
“Quero que vocês percebam que o cachorro que ainda não latiu é o Trump.” Em outra mensagem, de 2019, trocada com o escritor Michael Wolff, Epstein deixa claro que Trump “sabia das meninas”, indicando que o presidente estava mais ciente das atividades ilícitas de Epstein do que admitia.
Para não variar em seus argumentos, Trump acusou os democratas de ressuscitar o que chamou de “farsa de Jeffrey Epstein” para desviar a atenção da paralisação do governo, que também terminou na quarta-feira. Ele chamou a atenção de seus partidários para se concentrarem em reabrir o país e não se desviarem para o caso Epstein. “Só um republicano muito ruim ou estúpido cairia nessa armadilha”, advertiu.
O presidente parecia acusar o golpe de que os e-mails de Jeffrey ajudam a ampliar as fissuras no movimento Maga. Ele vem enfrentando pressões que conjugam desaprovação e queda de popularidade, derrotas recentes em disputas locais e insatisfações na base republicana sobre a condução de seu governo sobre os assuntos domésticos.
No Congresso, o momento é crítico para o presidente. As deputadas Lauren Boebert, Marjorie Taylor Greene e Nancy Mace aderiram a uma iniciativa bipartidária para forçar uma votação no plenário sobre a divulgação dos arquivos completos de Epstein. A posse da congressista democrata Adelita Grijalva, nesta quarta-feira, foi imediatamente seguida pela assinatura da petição, compondo as 218 necessárias para desobstruir a votação.
As pressões de campos opostos sobre o presidente dos EUA indicam que suas tentativas de contenção foram ineficazes. Quanto mais ele tenta se afastar do fantasma de Epstein, mais ele o assombra.
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Fonte da Matéria: g1.globo.com