Olha só que disco incrível! Sandra Pêra, a cantora e atriz que estourou em 1976 com As Frenéticas, lançou um álbum que é uma verdadeira ode a Gonzaguinha. “Eu Apenas Queria Que Você Soubesse” reúne 12 pérolas do repertório do compositor, e acredite, o resultado é surpreendente! A seleção das músicas já é um show à parte, mas a produção, assinada por Amora Pêra (filha de Sandra e Gonzaguinha) e Paula Leal (do grupo Chicas), é de tirar o chapéu. A interpretação de Sandra? Impossível não se emocionar! Na real, o disco inteiro é uma declaração de amor visceral, com toda a energia e a pulsação vital que marcaram a obra de Gonzaguinha.
A parceria entre mãe e filha, Sandra e Amora, é puro afeto na faixa-título, “Eu Apenas Queria Que Você Soubesse” (1981). A gravação inclui, inclusive, um trecho de entrevista de Gonzaguinha em uma rádio carioca – um toque emocionante que me arrepiou!
Sandra, que já mostrou sua versatilidade como atriz, dá um show de interpretação em “Ser, Fazer e Acontecer” (1982), uma canção pouco lembrada de Gonzaguinha. O arranjo com toques de tango realça a dramaticidade da música, mostrando a Sandra completa, cantora e atriz ao mesmo tempo.
Lançado em 22 de agosto pela Biscoito Fino, o álbum ganhou ainda mais força em setembro, se juntando às inúmeras homenagens aos 80 anos de nascimento de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (22 de setembro de 1945 – 29 de abril de 1991). Que coincidência, né? Gonzaguinha completaria 80 anos numa segunda-feira, dia 22.
Mas, gente, Sandra não faz apenas covers! Ela ressignifica cada música, com arranjos criativos e interpretações únicas. A intensidade da versão de “Maravida” (1981), por exemplo, em dueto com Chico Chico, é contagiante! A energia da música, que já foi sucesso na voz de Maria Bethânia, é simplesmente irresistível.
O disco passeia por canções conhecidas e outras bem menos óbvias. Tem “Com a Perna no Mundo” (1979), um samba autobiográfico dedicado à Dina, mãe de criação de Gonzaguinha; “Ocê i Eu” (1993), uma raridade apresentada em álbum póstumo; e “Morro de Saudade” (1987), que ganhou uma versão tecnopop na voz de Gal Costa (1945-2022) no álbum “Lua de Mel Como o Diabo Gosta”.
Em “Ponto de Interrogação” (1980), Sandra destaca a letra, escrita por Gonzaguinha numa perspectiva “de homem para homem”, sobre a importância do prazer feminino. Me parece que Gonzaguinha estava à frente do seu tempo, né? Décadas antes do movimento feminista ganhar força, ele já cantava sobre isso!
A participação de Simone em “Recado” (1978) – uma música inédita na voz dela – é outro ponto alto. A escolha da música para o dueto foi da própria Simone, segundo informações da produção.
Dhu Moraes e Regina Chaves, integrantes originais das Frenéticas, reúnem-se em “A Felicidade Bate à Sua Porta” (1973), a música que lançou o grupo em 1976. A versão do álbum tem um arranjo bem diferente, com um toque de rock, bem distante da versão disco original.
“Feliz” (1983) é uma canção melodiosa e nostálgica, com um toque de sanfona que mexe com a gente. Já “Borboleta Prateada”, do álbum “Luizinho de Gonzagão Gonzaga Gonzaguinha” (1990), tem um arranjo vibrante, com influências de vários ritmos brasileiros, que transforma uma música menos conhecida num verdadeiro show.
E por fim, “Coração Bate no Pulso do Amor”, do álbum póstumo “Cavaleiro Solitário” (1993), resume a essência do álbum inteiro: a paixão pela vida, a força motriz da obra de Gonzaguinha. Essa mesma paixão que impulsiona Sandra Pêra a criar esse disco, uma linda e inesquecível homenagem ao imortal Gonzaguinha.
Fonte da Matéria: g1.globo.com