“A Grande Viagem da Sua Vida”, estrelado por Margot Robbie (“Barbie”) e Colin Farrell (“Pinguim”), é um filme bonito, sim, até emocionante em alguns momentos. Mas, gente, que filme poderia ser tão melhor! A premissa é ótima, dirigida pelo sul-coreano Kogonada (“A Vida Depois de Yang”), mas a história, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (18), fica devendo em ousadia. Sabe aquela sensação de que poderia ter ido muito mais longe? É exatamente isso.
O filme acompanha dois estranhos que se conhecem no casamento de uma amiga em comum. A química entre eles tá lá, óbvio, mas inicialmente seguem caminhos separados. Até que… um GPS excêntrico de carros alugados de uma agência misteriosa, tipo, do nada, convida-os para uma jornada inusitada!
Relutantes, eles embarcam nessa aventura e, pasmem, o relacionamento deles se aprofunda ao passarem por portais mágicos que os levam para momentos cruciais do passado. É uma viagem fantástica pelos traumas que moldaram quem eles são hoje. E, olha, a gente se emociona! Principalmente pela química incrível entre Robbie e Farrell, que, na real, estão em momentos brilhantes de suas carreiras.
O casal não foge aos padrões, mas é tão gostoso ver dois atores tão talentosos e confortáveis um com o outro, mesmo diante de um enredo meio absurdo. Sem eles, a gente duvida que o filme funcionaria. A suspensão de descrença, né? Precisa ser bem forte pra encarar tanta magia sem reclamar! Até parece que precisa de uma injeção de insulina depois de tanta doçura.
Mas, vamos lá… O roteiro, escrito por Seth Reiss (“O Menu”), tem boas ideias, isso é inegável. A cena em que Farrell, aos 49 anos, interpreta seu personagem na adolescência, prestes a estrelar um musical escolar e sofrer a primeira desilusão amorosa, é fascinante! Pena que é a única do tipo. Me parece que o autor temeu a rejeição dos críticos mais cínicos e esqueceu que filmes como esse não são feitos pra eles, sabe?
Ainda bem que Kogonada mantém a sensibilidade vista em seus trabalhos anteriores, os incríveis “Columbus” (2017) e “A Vida Depois de Yang” (2021), onde dirigiu Farrell. Neste filme, ele troca a melancolia por magia romântica. Apesar do desalento inicial dos protagonistas, o amadurecimento do relacionamento deles – e isso com certeza vai tocar o público.
A metáfora talvez não seja das mais sutis, mas os momentos visuais são, sem dúvida, alguns dos mais interessantes da carreira do diretor. O título original, “A big bold beautiful journey” (“Uma jornada grande, linda e ousada”), é bem mais expressivo que a tradução brasileira. A ousadia, que falta no filme, também se perdeu na tradução.
Fonte da Matéria: g1.globo.com