Olha só, a situação em Gaza tá pegando fogo! Um dia depois de começar a ofensiva terrestre, Israel anunciou, na quarta-feira (17), ataques a mais de 150 alvos do Hamas na Cidade de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza – controlado pelo próprio Hamas, vale lembrar – 19 pessoas morreram nesses ataques.
E não para por aí. O Exército israelense abriu um novo corredor para facilitar a fuga dos moradores em direção ao sul. A ofensiva já fez milhares de pessoas deixarem a Cidade de Gaza de novo, muitas delas que tinham voltado depois de uma primeira fuga no início da guerra na Faixa. Essa semana, as estradas para o sul estavam completamente lotadas, com carros amontoados e gente fugindo a pé – uma imagem de desespero.
Até quarta-feira, Israel recomendava a fuga pela estrada costeira, que, na real, virou um caos total. Agora, eles abriram uma nova rota, chamada Salaheddine, que passa por ruas internas. Mas tem um porém: vai ficar disponível só por 48 horas, segundo o coronel Avichay Adraee, nas redes sociais. Ele avisou: “A circulação deve ser só pelas ruas amarelas no mapa. Sigam as instruções das forças de segurança!”.
Segundo o Exército israelense, cerca de 350 mil moradores já deixaram a Cidade de Gaza rumo às zonas humanitárias da ONU no sul. Imagina só: antes da ofensiva, entre 900 mil e um milhão de pessoas viviam ali. Duas divisões do Exército israelense estão operando em Gaza agora, e uma terceira deve chegar nos próximos dias. A RFI apurou que o Exército israelense tem entre seis e sete divisões no total, e essas operações estão utilizando metade dessa força.
O chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Eyal Zamir, declarou que o Hamas sofreu duros golpes e que “as conquistas permitirão que Israel se aproxime do fim da guerra”. Interessante notar que Zamir foi um crítico ferrenho da ofensiva nas reuniões do gabinete de segurança, alertando sobre os riscos para os 48 reféns e para os próprios soldados israelenses. A RFI apurou com uma fonte israelense que a operação deve durar vários meses, podendo ir até janeiro de 2026.
A população de Gaza tá dividida em três grupos agora: quem tá fugindo, seguindo as instruções de Israel; quem ficou por não conseguir sair; e aqueles que permaneceram por pressão do Hamas ou por desconfiança nas ordens israelenses. Quem tenta fugir enfrenta um congestionamento monstruoso na estrada de Al-Rashid, a principal via litorânea. E tem mais: o preço dos transportes e combustíveis disparou, dificultando ainda mais a fuga.
Israel estima que entre 200 mil e 300 mil civis palestinos vão ficar na Cidade de Gaza durante essa fase da ofensiva. O Unicef alertou que mais de 100 mil crianças precisam de tratamento para desnutrição aguda. A porta-voz Tess Ingram disse que o deslocamento em massa “é uma ameaça mortal para os mais vulneráveis”, e que centros de nutrição tiveram que fechar por causa da situação. Israel, por sua vez, contesta as alegações de fome, dizendo que as zonas humanitárias oferecem comida, abrigo e remédios.
Um relatório da ONU, divulgado na terça (16), acusou Israel de genocídio contra palestinos em Gaza e Jerusalém Oriental. Israel rejeitou veementemente o relatório, chamando-o de “distorcido e falso”, e acusando os autores de serem “representantes” do Hamas.
A guerra começou em outubro de 2023, após o ataque do Hamas que matou mais de 1.200 pessoas em Israel. Desde então, mais de 64 mil palestinos morreram em Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestino – número chancelado pela ONU.
Paralelamente, o conflito entre Israel e os houthis do Iêmen continua. Desde março, os houthis lançaram 84 mísseis e 37 drones contra Israel. Israel, por sua vez, realizou 18 ataques contra alvos houthis, incluindo a eliminação de parte da liderança rebelde em 31 de agosto. A RFI apurou que Israel agora busca o isolamento econômico dos houthis, e o ataque de terça-feira ao porto de Hodeida, principal ponto de abastecimento do grupo, é um exemplo disso. Segundo o canal Al-Masirah, foram 12 ataques às docas, três delas reconstruídas após ataques anteriores. Israel avisou a população civil para deixar a área antes da operação.
Fonte da Matéria: g1.globo.com