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Petrobras de volta ao gás de cozinha: botijão vai ficar mais barato?

Em agosto, a Petrobras anunciou seu retorno ao mercado de distribuição de GLP (gás liquefeito de petróleo), o gás de cozinha que a gente usa em casa. A decisão pegou muita gente de surpresa e reacendeu o debate: será que o botijão vai ficar mais em conta? Vamos aos fatos.

A Petrobras já produzia o GLP, mas a venda era feita por distribuidoras privadas. Tudo mudou em 2020, com a venda da Liquigás no governo Bolsonaro. Agora, segundo o plano estratégico da estatal, a ideia é integrar a distribuição de gás com outras operações, dentro e fora do Brasil, inclusive com foco em soluções de baixo carbono. Mas, e aí? A Petrobras vai vender gás diretamente pra gente, com entrega em casa? Ou vai atuar só como distribuidora, competindo com as empresas privadas? Ainda não tá claro.

Pra entender melhor essa reviravolta, separamos seis perguntas e respostas:

**1. Por que a Petrobras quer voltar a distribuir gás?**

A Petrobras justifica a decisão como uma busca por “negócios rentáveis e parcerias na distribuição, respeitando os contratos atuais”. Mas, vamos combinar, a coisa tá meio nebulosa. O anúncio veio num momento em que o governo Lula tem criticado abertamente o preço do botijão. Em maio, durante um evento na Paraíba, o próprio presidente Lula reclamou: “A Petrobras vende o gás a R$ 37, e aqui chega a R$ 110, R$ 120, em alguns lugares até R$ 140! Isso não tá certo!”. Será que a pressão política pesou na decisão? Max Bohm, da Nomos Investimentos, acha que sim. Ele vê a jogada como mais política do que econômica, o que preocupa o mercado. Afinal, a Petrobras deveria focar em áreas mais lucrativas, como o pré-sal, né?

**2. Como era a atuação da Petrobras antes?**

Até 2020, a Petrobras controlava a Liquigás (distribuição de GLP) e a BR Distribuidora (combustíveis). A Liquigás foi privatizada por cerca de R$ 4 bilhões, para um consórcio com Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás. Na época, Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, disse que a venda era pra reduzir dívidas e focar na exploração de petróleo em águas profundas. A distribuição de gás, apesar de lucrativa, tinha retornos menores que a exploração de petróleo no pré-sal, segundo Bruno Benassi, da Monte Bravo. A Liquigás tinha presença em todos os estados, com 23 centros de operação, quase 5 mil revendedores e 21,4% do mercado. A venda fez parte do programa de privatizações do governo Bolsonaro.

**3. O botijão vai ficar mais barato?**

Essa é a pergunta de um milhão de dólares! Eric Gil Dantas, do Ibeps, acredita que sim. Ele discorda da ideia de que a distribuição de GLP tem margens pequenas. Um estudo da EPE mostra que entre 2020 e 2023, as margens das distribuidoras subiram 188%, bem acima da inflação! Pra ele, a volta da Petrobras pode reduzir essas margens. Mas, calma lá! Benassi, da Monte Bravo, lembra que preços menores significam menos lucro pra Petrobras. Analistas do Citi acham que a volta ao mercado é viável, mas gradual e cara. Eles estimam um investimento de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 38 bilhões). E tem mais: contratos com a Vibra (ex-BR Distribuidora), como a licença da marca BR, podem atrapalhar a Petrobras.

**4. Como se forma o preço do botijão?**

Em agosto, o preço médio do botijão de 13kg era R$ 107,49 (R$ 109,97 em São Paulo), segundo a ANP. O preço inclui custo de produção, impostos e margens de lucro de distribuição e revenda. Em 2022, quatro empresas (Copa Energia, Ultragaz, Nacional Gás e Supergasbras) dominavam 88,3% do mercado.

**5. O que o setor diz?**

O Sindigás (sindicato das distribuidoras) não vê a volta da Petrobras como uma grande ameaça. O presidente, Sérgio Bandeira de Mello, acha que a concorrência vai continuar. Ele diz que a principal forma de baixar os custos é melhorar a logística: otimizar rotas, usar tecnologia…

**6. Impacto na concorrência?**

Bandeira afirma que o mercado é competitivo. Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, diz que o impacto vai depender do modelo da Petrobras. Se for só distribuidora, a briga será por margens. Mas se ela vender diretamente ao consumidor, a coisa muda de figura.

Em resumo: a volta da Petrobras ao mercado de gás é um evento complexo com implicações econômicas e políticas. Se o botijão vai ficar mais barato? Ainda é cedo pra dizer com certeza. O tempo dirá.

Fonte da Matéria: g1.globo.com