A morte do multi-instrumentista Célio Balona Passos, aos 86 anos, em Belo Horizonte no dia 4 de setembro de 2025, deixou uma lacuna imensa na música mineira. Um infarto fulminante pôs fim à trajetória de um ícone, que, acredite, lançou as carreiras de gigantes da MPB. A notícia, que se espalhou na quinta-feira, causou comoção. Célio, como era conhecido artisticamente, foi um dos maiores nomes da música belo-horizontina. E olha só quem passou pelo seu conjunto: Milton Nascimento e Wagner Tiso!
A trajetória de Balona, que começou aos 14 anos tocando em bailes, bares e churrascarias de Minas Gerais, se cruza de forma inesquecível com a dos dois ícones da música brasileira. Uma foto, provavelmente de 1963 ou 1964 – ano em que Milton se mudou de Três Pontas para Belo Horizonte – mostra os três juntos, Balona no centro, Milton e Wagner ao seu lado. A imagem é uma cápsula do tempo, um retrato da gênese de carreiras brilhantes.
Tudo começou com um acordeom comprado aos 13 anos. A amizade com Marilton Borges, que o levava à casa da família, um ambiente musical e acolhedor, frequentado também por Milton, já dava pistas do que estava por vir. Mas foi Pacífico Mascarenhas (1935-2024), compositor e músico, quem fez a ponte. Pacífico avisou Balona sobre um cantor incrível que se apresentava em um bar do Edifício Maletta, reduto boêmio de BH. Célio foi conferir, e se encantou com a voz de Milton. Pronto! Milton virou o crooner do conjunto que Balona fundara em 1960. Pouco tempo depois, Wagner Tiso entrava para tocar piano.
Os dois ficaram no conjunto por cerca de dois anos, um período fundamental em suas formações artísticas. Depois, rumaram para o Rio de Janeiro para construir suas legendárias carreiras. Célio, por sua vez, arriscou algumas incursões cariocas, mas sempre voltava para Belo Horizonte, a cidade onde construiu sua sólida reputação.
O legado de Célio Balona e seu Conjunto está registrado em álbuns como “Música 18 quilates” (1962), “Balona é o sucesso” (1963), “Em ritmo de amar” (1966) e “Balona espetacular” (1967). Milton e Wagner não aparecem nesses discos, embora “Balona Espetacular” inclua uma versão instrumental de “Travessia” (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967). Independente disso, o nome de Célio Balona ficará para sempre associado aos primórdios das carreiras de dois gigantes da Música Popular Brasileira. Uma história, como se vê, marcada por encontros, amizades e, acima de tudo, por muita música.
Fonte da Matéria: g1.globo.com