O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, soltou o verbo: acusou os Estados Unidos de direcionar uma poderosa força naval para as águas próximas à Venezuela. Segundo ele, oito embarcações, incluindo sete navios de guerra e um submarino de ataque, carregando nada menos que 1.200 mísseis, estariam “apontados” para o seu país. A declaração, feita em uma rara entrevista coletiva, foi acompanhada de uma ameaça: “Se a Venezuela for agredida, passamos imediatamente para a luta armada em defesa do nosso território, da nossa história e do nosso povo!”, afirmou Maduro, com um tom firme e desafiador.
A Casa Branca, por sua vez, mantém um silêncio estratégico. Não há confirmação nem desmentido oficial sobre a possibilidade de uma intervenção militar. A explicação oficial, no entanto, é outra: o governo Trump afirma que está intensificando a pressão sobre as organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas entre a América do Sul e os EUA, agora classificadas como organizações terroristas.
Essa narrativa, porém, não convence todo mundo. Desde o primeiro mandato de Trump, o governo republicano acusa Maduro de liderar o Cartel de los Soles – acusação veementemente contestada por analistas e especialistas. “Se você analisar o tipo de equipamento enviado para a região, percebe que não se trata de material para combater o tráfico ou cartéis”, opina o cientista político Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA. “É, claramente, material de ataque e invasão. Se o ataque vai acontecer, a gente não sabe”, completa ele, deixando uma dúvida pairando no ar.
Mas afinal, quais são as embarcações envolvidas na suposta demonstração de força americana? Maduro as detalhou, e nós as listamos:
Três destróieres da classe Arleigh Burke – USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson – são verdadeiras máquinas de guerra. Equipados com o sistema de combate Aegis e radar AN/SPY-1, eles carregam um arsenal considerável, com mais de 90 mísseis cada, incluindo os poderosos Tomahawk, com alcance de centenas de quilômetros. São navios menores que cruzadores, mas muito mais rápidos e ágeis, representando uma força significativa.
O USS Lake Erie, um cruzador de mísseis guiados da classe Ticonderoga, é outro peso-pesado. Com o mesmo sistema Aegis e radar AN/SPY-1D, ele possui capacidade de detecção e engajamento simultâneo de múltiplos alvos. Seu arsenal impressiona: cerca de 90 células de lançamento vertical para mísseis Tomahawk, Standard SM-2 e SM-3 (antimísseis), além de mísseis anti-navio Harpoon. Para completar, o navio ainda serve de base para helicópteros Sikorsky SH-60 Seahawk.
Dois navios-doca de desembarque da classe San Antonio – USS San Antonio e USS Fort Lauderdale – também fazem parte do grupo. Com mais de 200 metros de comprimento e capacidade para transportar milhares de toneladas de carga, eles são projetados para operações anfíbias, ou seja, para levar fuzileiros navais, veículos e equipamentos para terra. Sua principal função é justamente projetar poder terrestre a partir do mar.
O USS Iwo Jima, um navio de assalto anfíbio da classe Wasp, completa o grupo de navios de superfície. Este gigante é capaz de operar aeronaves de decolagem curta e pouso vertical, como o F-35B, e também realizar operações anfíbias. Imagine a combinação de poder aéreo e terrestre que ele representa!
Por fim, o submarino USS Newport News, da classe Los Angeles, em operação desde 1989, completa a força naval. Capaz de operar em profundidades de até 290 metros, ele é uma plataforma de espionagem e ataque submerso, armado com torpedos Mk 48 e mísseis Tomahawk.
A situação no Caribe é tensa. As declarações de Maduro e o silêncio estratégico dos EUA deixam a comunidade internacional em alerta. A pergunta que fica no ar é: será que vamos testemunhar um novo conflito na região? O tempo dirá.
Fonte da Matéria: g1.globo.com