O Brasil, maior produtor mundial de café, vê seus grãos abastecerem não só o mercado internacional, mas também as prateleiras dos supermercados nacionais. Acontece que, olha só, muitas das marcas populares de café que a gente encontra por aí são, na real, de empresas estrangeiras!
Isso mesmo! A JDE Peet’s, gigante holandesa do setor – que, aliás, foi comprada recentemente pela norte-americana Keurig Dr Pepper – é dona do famoso Café Pilão. Mas ela não tá sozinha, não! Marcas como Melitta, 3 Corações, Café Brasileiro, Café do Ponto e Caboclo também estão sob o controle de empresas com capital estrangeiro. A Nestlé, gigante suíça, com seu Nescafé e Nespresso, também tem uma presença fortíssima no país.
Essa forte influência internacional no mercado brasileiro de café não é de hoje, e tem várias explicações. A gente conversou com Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), para entender melhor essa história toda.
Segundo dados da Nielsen, analisados pela Abic, quatro empresas controlam mais da metade (55,6%) do mercado brasileiro de café: 3 Corações, JDE Peet’s, Melitta e Nestlé.
Vamos ver melhor cada uma delas:
* **3 Corações:** Líder de mercado, essa empresa é uma joint-venture entre a brasileira São Miguel Holding e a israelense Strauss, com 50% de participação cada. Além da marca 3 Corações, ela controla Café Brasileiro, Iguaçu e Santa Clara, e possui nove fábricas espalhadas pelo Brasil. Uau!
* **JDE Peet’s:** Essa holandesa, presente no Brasil desde 1998, é dona de marcas como Café Pilão, L’OR, Café do Ponto, Café Pelé e Caboclo. Com quatro fábricas, ela ocupa a segunda posição no mercado. Impressionante, né?
* **Melitta:** A alemã Melitta chegou ao Brasil em 1968, inicialmente fabricando filtros de café. Em 1980, começou a vender seu próprio café, e hoje, com quatro fábricas, ocupa o terceiro lugar no ranking.
* **Nestlé:** Essa multinacional suíça está no Brasil desde 1921! Lançou o Nescafé no país nos anos 1950 e, atualmente, lidera o mercado de cápsulas com o Nespresso. Possui uma fábrica dedicada ao café e é a quarta maior empresa do setor.
Vale lembrar também da Camil, empresa brasileira de alimentos que entrou no mercado de café em 2021 e detém as marcas Bom Dia, Seleto e União, com uma fábrica em Varginha (MG).
Mas por que tantas multinacionais dominam o mercado de café brasileiro? A Abic explica que a entrada dessas empresas foi gradual. A Nestlé e a Melitta, por exemplo, começaram com outros produtos antes de investir no café. Já a JDE Peet’s chegou ao Brasil no final da década de 1990 comprando marcas já estabelecidas, como Café do Ponto e Pilão. A Strauss Group, multinacional israelense, entrou no mercado em 2000 ao adquirir a Café Três Corações, e cinco anos depois se uniu à São Miguel Holding para formar o grupo 3 Corações.
A expansão dessas empresas coincidiu com o crescimento dos grandes supermercados no Brasil, nas décadas de 1990 e 2000, o que popularizou marcas antes restritas a certas regiões. “Antes, o mercado de café era regional e caseiro”, explica Celírio Inácio da Abic. “Mas com a chegada dos supermercados a quase todos os estados e cidades, o café acompanhou esse movimento, levando marcas regionais para todo o país.”
Com o mercado mais estruturado, as empresas estrangeiras viram uma oportunidade e investiram pesado. “Elas são atraídas pelo grande mercado interno, pelas vendas e pela facilidade de acesso à matéria-prima”, completa Celírio.
E uma pergunta que muita gente faz: o café vendido no Brasil é brasileiro? Sim! Segundo a Abic, 100% do café torrado e moído vendido no país é nacional. São cerca de 22 milhões de sacas destinadas ao consumo interno. As empresas compram os grãos diretamente dos produtores ou cooperativas, selecionando os grãos ideais para cada marca. Depois, o café é processado nas fábricas e distribuído para os pontos de venda. “As empresas precisam de várias fontes de compra para garantir o tipo específico de café que vão produzir. É um mercado muito competitivo”, finaliza Celírio.
Fonte da Matéria: g1.globo.com