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Seu Jorge: Novo álbum após 10 anos e reflexões sobre a MPB

Em entrevista exclusiva ao podcast e videocast g1 Ouviu, na quarta-feira (27), Seu Jorge falou sobre seu novo álbum de inéditas – o primeiro em dez anos! Tá bombando a turnê “Baile à la Baiana”, que passeia por vários ritmos, com um destaque especial pro afropop. Imagina só, mais de 30 anos de carreira! O cara é um ícone!

“Alguns trabalhos no cinema me fizeram dar uma pausa na música, mas foi importante pra entender a dinâmica da minha formação, que era totalmente analógica, um outro jeito de lidar com as coisas antes da revolução digital”, explicou. Ele contou que sentia que ainda tinha essa “liberdade” de lançar discos, sabe? “Gosto de contar uma história com começo, meio e fim. São músicas com amigos que eu coleciono ao longo desses anos, misturando influências de amigos baianos com a minha pegada carioca. É um disco que foi tomando forma ao longo de alguns anos”, completou.

A gente também tocou no sucesso estrondoso de “MTG Quem Não Quer Sou Eu”, a releitura do DJ Topo de uma música dele. A faixa foi uma das mais ouvidas no Brasil em 2024 nas plataformas de streaming. “Na real, eu não conhecia o DJ Topo, ele não estava nos meus círculos. Mas ele entendeu como fazer a arte dele, criando uma nova forma de remixar, tipo o que o hip hop já faz há mais de 50 anos”, comentou Seu Jorge.

Sobre a versão, ele teve uma conversa franca com o DJ: “Não podemos rebaixar o nível da poesia da música popular brasileira, né? Sempre soube que minhas músicas tinham, em alguns momentos, pitadas de erotismo, um clima sensual. Mas me preocupava com o ‘proibidão’. Orientei o DJ Topo, falei que ele estava indo longe demais, pedi pra ele ter cuidado com a seleção. A gente tem que expandir a cultura, não reduzir tudo a um só tema.”

Além do DJ Topo, Seu Jorge citou alguns artistas da nova geração que ele admira: Agnes Nunes, Zé Ibarra, Jota.pê e João Gomes. “Tem uma coisa na música brasileira que acompanha o que já foi feito, sempre buscando a riqueza da nossa expressão.” E não para por aí! Ele faz pesquisas em outros países, tipo Irã, Burkina Faso e Romênia. Adora usar aplicativos pra ouvir sons de todo lugar!

A conversa ficou emocionante quando ele falou da Elza Soares (1930-2022). Elza gravou uma versão incrível de “A Carne”, música que Seu Jorge compôs com o Farofa Carioca, a banda que o lançou. “Elza compartilhava experiências, sabe? Ela se preocupava com você, mas sem se intrometer. Ela me contava histórias dela com o Garrincha nos anos 50, coisas brilhantes! Aquilo me deixava pensando: ‘hoje eu estive com a Elza, que incrível, obrigado Senhor’. Era uma mulher incrível, culta, segura de si.”

Ele também relembrou sua participação em “A Vida Marinha com Steve Zissou”, de Wes Anderson. “Cheguei lá só com ‘Cidade de Deus’, e fui muito bem recebido por todo mundo, e fui fazendo as músicas”, lembrou. As versões das músicas do David Bowie foram gravadas como se ele fosse seu personagem, Pelé dos Santos, um “especialista em segurança do barco”, e não um cantor. “Poderia ter tocado muito melhor”, disse ele, rindo. O elenco era estrelado, com Bill Murray, Owen Wilson, Cate Blanchett, Anjelica Huston, Willem Dafoe e Jeff Goldblum.

Pra finalizar, Seu Jorge contou que pretende se dedicar ao teatro por um tempo, pra desacelerar um pouco. “Espero poder contribuir de forma mais efetiva com o teatro brasileiro.” Um artista completo, né?

Fonte da Matéria: g1.globo.com