Você sabia que a Barbie, a boneca mais famosa do mundo, tem origens… digamos, *picantes*? A inspiração para a criação da Barbie foi Lilli, uma personagem de quadrinhos do jornal alemão Bild, um tabloide de grande circulação. Olha só: as falas de Lilli, publicadas lá pelos anos 50, pareciam roteiro de filme adulto! Em uma tirinha, ela conta como um caminhoneiro a ajudou com o carro quebrado, deixando marcas de graxa em seu vestido. Em outra, ela provoca um policial na praia – onde biquínis eram proibidos – com a pergunta: “Que parte eu devo tirar?”.
Imagina só: essa personagem, com seus seios fartos e lábios carnudos, virando um ícone infantil? Nem Reinhard Beuthien, o criador de Lilli, que a desenhou em apenas 40 minutos para preencher um espaço no Bild em 1952, poderia ter previsto isso. Na época, era só mais uma ilustração. Mas, anos depois, Lilli se transformaria na Barbie. Incrível, né?
Lilli: ousada para a época, sexista hoje. A Axel Springer, editora do Bild, a descreve como uma “secretária atrevida”. Outros, porém, a veem como uma espécie de prostituta de luxo. Independente da classificação, uma coisa é certa: Lilli não foi feita para ser brinquedo de criança. Com suas curvas acentuadas, quase nua, cabelo loiro preso alto e saltos finos, ela era a personificação do fetiche feminino da época. Era, na real, um objeto de desejo, reduzido ao seu corpo, totalmente voltado para o olhar masculino. Ainda assim, o Bild a descreve como “ousada, sexy e independente”.
Em 1953, o sucesso de Lilli nos quadrinhos levou o Bild a lançar uma boneca de plástico com sua imagem. Segundo a imprensa, era um presente popular entre os homens, especialmente em despedidas de solteiro, vendida em bares e bancas de jornal. Entre 1955 e 1964, cerca de 130 mil bonecas Lilli foram vendidas, inclusive com roupas e acessórios para atrair o público feminino, tornando-se um sucesso internacional.
Aí entra Ruth Handler, a empresária que mudaria para sempre a trajetória de Lilli. Em 1956, durante férias em Lucerna, na Suíça, ela e sua filha, Barbara, se encantaram com a boneca. Ruth mandou várias para Los Angeles e comprou os direitos de produção. Em 1959, nasceu a Barbie, batizada em homenagem à sua filha. O rosto? O mesmo de Lilli. Desde então, mais de um bilhão de unidades foram vendidas!
A foto fala por si: à esquerda, a primeira Barbie; à direita, a Lilli alemã. Apesar das críticas feministas recorrentes, a Barbie conquistou o mundo. Hoje, ela vai muito além de um brinquedo, gerando debates sobre empoderamento feminino e a obsessão pela beleza eternamente jovem. A Mattel adaptou sua estratégia de marketing às mudanças de época, mas uma coisa permanece: a Barbie continua “eternamente jovem”, independente da cor de sua pele.
E Lilli? A “secretária ousada e independente” dos quadrinhos? Ela se casou com seu namorado, Peter, em 1961, e sumiu completamente. Sua história, no entanto, continua viva, inspirando uma das maiores marcas de brinquedos do mundo.
Fonte da Matéria: g1.globo.com