** O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, garantiu nesta terça-feira (19) que o impacto do plano de auxílio às empresas brasileiras prejudicadas pelo aumento de tarifas americanas – o famoso “tarifaço” – nas contas públicas será mínimo. “Pequeno impacto fiscal”, afirmou Alckmin, referindo-se ao plano “Brasil Soberano”, lançado na quarta-feira passada (13).
Esse plano prevê uma injeção de R$ 30 bilhões em crédito, condicionado à manutenção dos empregos. Mas não para por aí, viu? Outras medidas estão em jogo: a prorrogação por mais um ano do prazo para exportação de mercadorias usando o “drawback” – esse mecanismo que facilita a vida dos exportadores, suspendendo ou isentando impostos de insumos usados na produção; a Receita Federal poderá, ainda, adiar o pagamento de impostos para as empresas mais afetadas, uma estratégia já testada durante a pandemia; e, por fim, crédito tributário para desonerar as vendas externas: uma alíquota de até 3,1% para médias e grandes empresas, e até 6% para micro e pequenas.
Olha só o que Alckmin disse: “O que estamos fazendo é, na real, antecipar a reforma tributária. Exportei? Dou crédito tributário de 3% na hora! Isso tem impacto fiscal? Esse dinheiro não é do governo, é do setor privado. Exportação não pode pagar imposto, tenho que devolver. Mas, ao invés de devolver em dez anos, faço uma devolução imediata para ajudar a empresa.”
Apesar do discurso otimista de Alckmin, alguns analistas ouvidos pelo g1 têm outra visão. Embora seja um alívio, principalmente para pequenas e médias empresas, o plano pode sim aumentar a dívida pública e influenciar os juros e o câmbio. Victor Borges, especialista em investimentos da Manchester, explica: “O Brasil já tem um nível altíssimo de endividamento, a dívida pública já mostra sinais de insustentabilidade. Com as contas públicas tão frágeis, o governo propõe mais gastos. Esse é o cerne da questão.” Segundo ele, a dívida nominal chega a 76% ou 77% do PIB.
**Negociações com os EUA:**
Em um evento do Santander, Alckmin reforçou o trabalho do governo para tirar produtos da lista de tarifas de 50% impostas pelo então presidente Donald Trump, ou, pelo menos, reduzir essas taxas. “Nosso trabalho contínuo é aumentar as exclusões, tirar mais produtos da tarifa e reduzir essa alíquota”, afirmou.
Ele destacou a balança comercial favorável aos EUA no comércio bilateral, abrindo espaço para negociações. “Já me reuni três vezes por videoconferência com o secretário de comércio, Howard Lutnick, e deixei claro que o Brasil é um bom parceiro, já que os EUA têm superávit comercial com a gente há 15 anos”, declarou Alckmin. “Os EUA têm um déficit comercial enorme, de US$ 1,2 trilhão em 2024. Mas entre os países do G20, eles só têm superávit com três: Brasil, Reino Unido e Austrália.” *Com informações da Reuters.*
Fonte da Matéria: g1.globo.com