Lançado em agosto, para celebrar os 84 anos de Ney Matogrosso, o livro infantil “Ney Matogrosso – O bicho do mato”, da Garotinha FM Livros (selo da Garota FM Books), promete inspirar crianças e jovens com a trajetória vitoriosa do cantor. A ideia é ótima, né? Afinal, a vida de Ney é uma verdadeira luta pela liberdade, um exemplo de como se pode ser feliz sem ceder às pressões sociais. Só que, na prática… a coisa não tá tão boa assim.
Ilustrado com maestria por Isabela Sultani, que, gente, fez um trabalho incrível, o livro peca na narrativa, escrita em primeira pessoa, como se o próprio Ney estivesse conversando com os pequenos leitores. Chris Fuscaldo e Camilo Solano, os autores do texto, não conseguiram capturar a essência da jornada de Ney, sabe? Faltou profundidade, faltou alma. A história fica rasa, superficial.
Olha só: a narrativa se concentra demais no amor de Ney pela natureza, deixando de lado a verdadeira luta dele contra a intolerância. A moral da história, que poderia ser poderosa, se perde no caminho. A gente esperava um texto lúdico, que voasse junto com Ney, que mostrasse de verdade como ele desafiou as convenções. Mas o que a gente tem é uma biografia infantil que subestima o público, achei bem fraquinho.
Me parece que os autores não conseguiram traduzir para a linguagem infantil a força e a complexidade da trajetória do artista. É uma pena, porque o potencial era enorme. As ilustrações vibrantes de Isabela Sultani salvam um pouco a situação, mas não são suficientes para compensar a falta de substância do texto. No fim das contas, “Ney Matogrosso – O bicho do mato” fica com uma cotação de apenas duas estrelas e meia. Uma oportunidade perdida, na minha opinião. Poderia ter sido muito melhor!
Fonte da Matéria: g1.globo.com