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** Trump afirma que Ucrânia manterá “muito território”, mas descarta garantias de segurança como as da OTAN

** Após reunião na Casa Branca com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus, Donald Trump deu detalhes, na terça-feira (19), sobre a divisão territorial na Ucrânia ocupada pela Rússia. Em entrevista à Fox News, ele disse que a Ucrânia ficará com “muito território”, sem especificar quais. Isso, apesar do presidente Zelensky já ter afirmado que não negociará a perda de qualquer pedaço de seu país com Moscou.

Trump também declarou não ter certeza se Vladimir Putin topará um acordo de paz, afirmando que saberá mais nas “próximas duas semanas”. “O Putin tá cansado dessa guerra. Mas a gente vai descobrir mais sobre o presidente Putin nas próximas semanas… Pode ser que ele não queira fechar um acordo”, disse Trump, acrescentando que a Rússia enfrentaria uma situação complicada se não houver um acordo. Ele ainda classificou seu relacionamento com Putin como “cordial”.

Sobre as garantias de segurança para a Ucrânia, pedidas pelos líderes europeus na reunião de segunda (18) na Casa Branca, Trump afirmou que “vai ter algum tipo de segurança, mas não igual à da OTAN”. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, havia sugerido garantias semelhantes ao Artigo 5 da OTAN, que prevê intervenção de aliados caso um membro seja atacado.

A Rússia, por sua vez, deu um sinal positivo, na terça-feira, após a reunião. O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a Rússia não rejeita nenhum formato para discutir a paz na Ucrânia. E olha só: Lavrov insinuou que Moscou pode abrir mão de parte dos territórios ocupados, um dos principais entraves nas negociações. Ele disse que a Rússia “nunca quis só territórios”, pedindo, no entanto, garantias de segurança para o seu país. Zelensky, por sua vez, afirmou que seu governo já está elaborando os termos para as garantias de segurança da Ucrânia. “Vai ter garantias de segurança”, garantiu.

Trump, que ligou para Putin na segunda-feira, segundo ele mesmo, disse estar preparando uma reunião trilateral entre ele, Zelensky e Putin, com data e local ainda a definir. Yuri Ushakov, principal assessor do Kremlin, classificou a ligação de Trump como “franca e construtiva”, mas tratou o encontro entre Putin e Zelensky como uma “ideia”, falando vagamente em “explorar a possibilidade de elevar o nível dos representantes ucranianos e russos nas negociações diretas”.

Enquanto Trump se mostrou otimista com o fim da guerra, Zelensky e os europeus pediram garantias robustas contra uma nova invasão russa. Apesar das diferenças, todos consideraram as reuniões positivas. Trump, em sua rede social Truth Social, afirmou: “Durante o encontro, discutimos as garantias de segurança para a Ucrânia, que seriam fornecidas por vários países europeus, em coordenação com os Estados Unidos. Todo mundo tá muito feliz com a possibilidade de PAZ para Rússia/Ucrânia”.

Zelensky disse ter tido “uma longa conversa sobre territórios” com Trump, e que os detalhes das garantias de segurança oferecidas pelos EUA serão acertados nos próximos 10 dias. Ele considerou o encontro de segunda “o melhor até agora”, reforçando sua disposição para se reunir com Putin sem pré-condições.

A reunião na Casa Branca ocorreu três dias após um encontro entre Trump e Putin no Alasca. Líderes europeus como Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Friedrich Merz (Alemanha), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia), Mark Rutte (OTAN), Giorgia Meloni (Itália) e Alexander Stubb (Finlândia) também estiveram presentes.

Trump chamou o dia de “muito bem-sucedido” e disse acreditar que Putin quer a paz. No entanto, Macron e Stubb expressaram desconfiança em relação ao líder russo, e outros europeus também demonstraram ceticismo. A esperança é que a reunião trilateral aconteça até o fim de agosto, segundo uma fonte da Casa Branca ao site Axios. Merz disse que o encontro entre Putin e Zelensky poderia ocorrer em até duas semanas.

Macron e Merz pediram um cessar-fogo imediato. Macron ressaltou a importância das negociações para toda a Europa, pedindo a inclusão de líderes europeus na cúpula tripartite. Meloni, por sua vez, destacou a necessidade de garantir que uma invasão russa não se repita.

O encontro entre Trump e Zelensky teve um tom menos tenso que o anterior, em 28 de fevereiro, quando houve atritos. Prevaleceu um clima mais consensual, apesar das divergências remanescentes. Zelensky inclusive recebeu elogios por sua roupa.

**O que está em jogo:** Um rascunho da proposta de Putin prevê a retirada parcial de tropas do norte da Ucrânia, mas exige contrapartidas inaceitáveis para Kiev: o reconhecimento da anexação da Crimeia, a manutenção do controle russo sobre grande parte do Donbas, a promessa de que a Ucrânia não entrará na OTAN e o alívio das sanções contra Moscou. Diplomatas veem o esboço como uma tentativa russa de consolidar ganhos militares e políticos desde 2022. Para Zelensky, qualquer concessão significaria abrir mão da soberania ucraniana. Embora Zelensky tenha admitido a possibilidade de negociar terras já controladas por tropas russas, Putin continua retratando-o como ilegítimo, levantando dúvidas sobre sua real disposição para um encontro. Rutte, secretário-geral da OTAN, reconheceu que Kiev provavelmente terá de aceitar a perda de territórios, mesmo que não formalmente.

Fonte da Matéria: g1.globo.com