** A península da Crimeia voltou a ser o centro das atenções nas negociações para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. Olha só: horas antes de uma reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky em Washington, ambos os presidentes mencionaram a Crimeia em suas redes sociais, esquentando ainda mais o clima. Apesar de Zelensky afirmar publicamente que não cederá territórios ucranianos, rumores insistem que os EUA estariam pressionando-o para um acordo que incluiria o reconhecimento da Crimeia como território russo, entre outras concessões. Isso é tenso, né?
A Crimeia, uma península de aproximadamente 27 mil km² – um pouco menor que a Bélgica – possui uma localização estratégica no Mar Negro, abrigando o importante porto de Sebastopol. Sua história é complexa, marcada por diversos domínios. Conquistada pelos russos dos otomanos no século XVIII, a Crimeia foi transferida, durante a União Soviética, da República Socialista Federativa Soviética da Rússia para a República Socialista Soviética da Ucrânia. Na época, ninguém imaginava o fim da URSS, claro.
Em 2014, após a deposição do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich em meio a protestos em Kiev, a Rússia assumiu o controle da Crimeia. Um referendo, considerado inválido pela comunidade internacional, resultou na anexação formal da península pela Rússia em 18 de março de 2014. Putin, na ocasião, declarou que a Crimeia sempre foi e continua sendo parte inseparável da Rússia. Zelensky, por sua vez, se mantém firme: reivindica as fronteiras ucranianas válidas entre 1991 e 2014, antes da anexação.
Mas a disputa não se limita à Crimeia. Moscou reivindica a soberania sobre outros territórios ucranianos, somando cerca de 20% do território nacional. Quais são essas áreas? Vamos lá:
**Crimeia:** A península, com sua importância estratégica para o acesso ao Mar Negro e ao Mediterrâneo, teve diversos status durante a era soviética (desde 1921). Em 1954, Nikita Khrushchev, nascido perto da Ucrânia, aprovou sua transferência para a República Socialista Soviética da Ucrânia – um gesto mais simbólico na época, antes da ideia de dissolução da URSS ganhar força. Nos anos 1990, a questão da Crimeia ressurgiu. A península declarou brevemente independência como região autônoma, antes de ser absorvida pela Ucrânia e ter sua constituição abolida em 1995. Moscou chegou a reivindicar o território, mas assinou um tratado com Kiev reconhecendo a soberania ucraniana em 1997. A ocupação militar russa, porém, começou em 2014, no contexto dos protestos contra Yanukovich. O referendo para anexação à Rússia, como já dito, não é reconhecido internacionalmente.
**Zaporizhzhia:** Localizada entre a Crimeia (ao sul) e o Donbas (ao norte), Zaporizhzhia foi invadida pela Rússia em 2022. O principal alvo foi a Usina Nuclear de Zaporizhzhia, em Enerhodar, a maior da Europa e uma das dez maiores do mundo, construída entre 1980 e 1996. Desde a ocupação russa, a usina opera em regime praticamente inativo, causando graves problemas de energia na Ucrânia.
**Donbas (Donetsk e Luhansk):** Donetsk e Luhansk, conhecidas juntas como Donbas, têm uma história de tensões entre populações ucraniana e russa, que remonta às Guerras Mundiais. Rica em carvão e com um parque industrial estratégico, a região viu grupos paramilitares pró-Rússia tomarem cidades importantes em 2014, após a deposição de Yanukovich. Eles declararam a criação da República Popular de Donetsk (RPD) e da República Popular de Luhansk (RPL), sem reconhecimento internacional. Só em 2022, Moscou reconheceu ambas como entidades soberanas, pouco antes do início da ofensiva em larga escala contra a Ucrânia.
Em resumo, as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia são extremamente complexas e o futuro dessas regiões ainda é bastante incerto. A questão da Crimeia, em especial, continua sendo um ponto crucial e altamente inflamável nesse conflito.
Fonte da Matéria: g1.globo.com