A notícia pegou a todos de surpresa: Paulo Sérgio Almeida, cineasta e figura importantíssima do audiovisual brasileiro, faleceu na última quinta-feira, 14 de setembro, aos 80 anos. Segundo seu filho, o ator e músico Bernardo Siaines, a causa da morte foram complicações de um câncer de pulmão. “A família agradece imensamente o carinho que tem recebido; reflete a generosidade do meu pai e a sua imensa contribuição para o cinema nacional”, disse Bernardo, emocionado.
Almeida deixa a esposa, Cristina Siaines, e três filhos: Bernardo, Ana Alkimim e Pedro Alkimim. O velório aconteceu no Salão Celestial do Memorial do Carmo, no Caju, das 11h às 14h desta sexta-feira, dia 15.
Petropolitano da gema, lá da Região Serrana do Rio, Almeida construiu uma carreira brilhante e diversificada no cinema. Dirigiu sucessos infantis – quatro longas da Rainha dos Baixinhos, Xuxa Meneghel, pra ser mais exato – , coordenou o lançamento de filmes memoráveis como “Central do Brasil” e, acredite, foi o criador e editor do influente site Filme B!
Sua trajetória começou como assistente de direção em produções icônicas dos anos 70 e início dos 80, incluindo o clássico “Xica da Silva” (1976). Em seguida, deu um salto e estreou como diretor com os curtas “Dá-lhe Rigoni” (1980) e “Sobrenatural de Almeida” (1981), e, depois, o longa “Beijo na Boca” (1982), com um elenco de peso: Mário Gomes, Cláudia Ohana e Joana Fomm.
Ao longo da carreira, dirigiu diversas comédias que fizeram a alegria de várias gerações, como “Banana Split” (1988), com André Di Mauro, Myrian Rios e Tamara Taxman; “Sonho de Verão” (1990), com Xuxa e Sérgio Mallandro; “Xuxa Popstar” (2000), com Xuxa, Luigi Baricelli e Marcos Frota; a dupla de sucesso “Xuxa e os Duendes” (2001) e sua continuação, “Xuxa e os Duendes 2 – No Caminho das Fadas” (2002); e, finalmente, “Inesquecível” (2007), com Murilo Benício, Guilhermina Guinle e Caco Ciocler.
Mas Almeida não brilhou apenas na direção. Nos bastidores, foi um craque! Coordenou o lançamento de sucessos como “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles; “Deus é Brasileiro” (2003), de Carlos Diegues; e “Eu Tu Eles” (2000), de Andrucha Waddington.
Um dos grandes feitos de Paulo Sérgio foi a criação do Filme B. Após passagens como superintendente de comercialização da Embrafilme (1989-1991) e presidente da Riofilme (1992-1994), e durante seu trabalho na Top Tape (1995-1996), ele teve contato com o “Movieline”, boletim americano que analisava as bilheterias nos EUA. Essa experiência o inspirou a criar o Filme B, em 1997. Inicialmente um ranking enviado por correio, o projeto evoluiu para um banco de dados online, referência para jornalistas, produtores e estudiosos do audiovisual, com informações preciosas sobre desempenho de filmes, receita por sala, público por região e tendências de mercado.
Para completar seu legado, Almeida também publicou dois livros: “Quem é Quem no Cinema no Brasil” (2002) e “Cinema: desenvolvimento e mercado” (2002), este último em parceria com o jornalista Pedro Butcher. Sua contribuição para o cinema brasileiro será lembrada por muitos anos. Uma grande perda para a nossa cultura.
Fonte da Matéria: g1.globo.com