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Trump ameaça Putin com “consequências severas” caso não haja cessar-fogo no Alasca

Donald Trump, presidente dos EUA, soltou o verbo: se Vladimir Putin não topar um cessar-fogo na reunião bilateral de sexta-feira (15), no Alasca, a Rússia vai encarar “consequências severas”! A ameaça foi disparada em resposta a um repórter que questionou possíveis retaliações caso Putin não desse um basta na guerra na Ucrânia. “Sim, vai ter consequências severas, mas não vou revelar quais”, declarou Trump, misterioso.

Essa declaração bombástica veio logo após uma videoconferência com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, e vários aliados europeus. Na conversa, rolou uma discussão animada sobre o encontro de Trump com Putin, e as estratégias para acabar com o conflito que já se arrasta por três anos e meio. Zelensky, aliás, cravou: Putin tá blefando sobre um possível cessar-fogo.

Trump, por sua vez, achou que há uma boa chance de um segundo encontro, quase que imediatamente após o primeiro no Alasca. Esse segundo encontro incluiria Zelensky, mas só se o primeiro der certo, segundo o republicano. “Se tudo correr bem na primeira reunião com Putin, teremos uma segunda entre Putin e Zelensky. Mas, se eu não gostar do resultado, esquece!”, avisou Trump. Ele acredita que a primeira reunião pode render “grandes coisas”, mas a segunda seria “mais produtiva, porque na primeira vou descobrir a situação e o que fazer a respeito”.

A sintonia entre Trump e os europeus ficou evidente na reunião com os líderes. Segundo Emmanuel Macron, presidente da França, Trump garantiu que qualquer questão territorial só será negociada pela Ucrânia e que ele pressionará Putin pelo fim da guerra. Friedrich Merz, chanceler alemão, disse que Trump concordou que a ordem das coisas é: primeiro, cessar-fogo; depois, negociações para um acordo de paz permanente. Os aliados estabeleceram condições claras: não pode rolar reconhecimento da anexação de territórios ucranianos pelos russos; a Ucrânia precisa de garantias de segurança; e a soberania ucraniana deve ser respeitada. Keir Starmer, enfatizou: “Nosso apoio à Ucrânia é inegociável. Fronteiras não se mudam à força, e a Ucrânia precisa de garantias de segurança robustas para defender sua integridade territorial”.

Zelensky e seus aliados europeus usaram a ligação com Trump para reforçar a importância de uma posição pró-Europa nas negociações com Putin. O temor é que uma aproximação entre Trump e Putin leve a um acordo de paz no Alasca que exija muitas concessões de Kiev, até mesmo territoriais. Trump já tinha mencionado uma possível “troca de territórios” anteriormente, sem dar detalhes. Zelensky e seus aliados insistem que uma paz duradoura só é possível com a Ucrânia na mesa de negociações, respeitando o direito internacional, a soberania e a integridade territorial do país.

Enquanto Trump afirma que “iniciará” as tratativas com Putin na sexta-feira, as posições de Ucrânia e Rússia são antagônicas. Zelensky reiterou que a Rússia precisa concordar com um cessar-fogo antes de discutir questões territoriais, rejeitando qualquer proposta que exija a retirada de tropas da região de Donbass. “Conversas substantivas e produtivas sobre nós sem nós não funcionam. São possíveis, mas não serão aceitas na prática. Assim como não posso falar por outro Estado ou tomar decisões por ele”, declarou Zelensky. A Rússia, por sua vez, descartou a ideia de troca de territórios e afirmou que não fará concessões, mantendo sua posição sobre Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.

A “Coalizão dos Dispostos” (Grã-Bretanha, França e Alemanha) divulgou comunicado após reunião virtual, afirmando estar pronta para “desempenhar um papel ativo, inclusive por meio de planos daqueles dispostos a mobilizar uma força de segurança assim que as hostilidades cessarem”.

Sobre a ausência de Zelensky na cúpula do Alasca, uma porta-voz da Casa Branca explicou que a reunião bilateral foi proposta por Putin e aceita por Trump para um “melhor entendimento” de como acabar com a guerra. “Cabe ao presidente ir e obter um entendimento mais firme e preciso de como podemos, com sorte, encerrar esta guerra”, disse Karoline Leavitt. Trump está aberto a uma reunião trilateral com Putin e Zelensky posteriormente.

A invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022, causou um cenário devastador: milhares de mortos, milhões de deslocados e destruição generalizada. Putin vem ignorando os apelos por um cessar-fogo. A cúpula no Alasca, território vendido pela Rússia aos EUA em 1867, será a primeira entre os presidentes dos EUA e da Rússia desde a reunião de Joe Biden com Putin em Genebra, em junho de 2021. Trump e Putin se encontraram pela última vez em 2019, no Japão.

Após mais de três anos de guerra, as posições permanecem irreconciliáveis. Moscou exige a cessão de quatro regiões ucranianas parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e a renúncia ao recebimento de armas ocidentais e à adesão à OTAN. A Ucrânia, por sua vez, exige a retirada das tropas russas e garantias de segurança ocidentais, incluindo mais armas e um contingente europeu.

Fonte da Matéria: g1.globo.com