A morte de seis jornalistas em Gaza, em um bombardeio israelense, gerou ondas de indignação internacional. Entre as vítimas, está Anas al Sharif, correspondente de 28 anos da Al Jazeera, um rosto conhecido na cobertura do conflito. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou com veemência os assassinatos, classificando-os como “reivindicados” por Israel. Inacreditável, né? O governo israelense, sob o comando de Benjamin Netanyahu, rotulou al Sharif de “terrorista”.
O Exército israelense alegou que al Sharif era o alvo principal do ataque, afirmando que ele se “fazia passar por jornalista”. Mas, olha só, a RSF rebateu, dizendo que ele era “a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinos de Gaza”. Isso é chocante! O Sindicato de Jornalistas Palestinos chamou o ocorrido de “crime sangrento”. Já o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e o Catar, sede da Al Jazeera, denunciaram um “ataque deliberado” contra uma tenda usada pela equipe da emissora na Cidade de Gaza. Cinco funcionários da Al Jazeera estavam entre os mortos.
Além de al Sharif, também morreu Mohammed al Khaldi, um repórter fotográfico freelancer que colaborava com veículos locais. A confirmação veio do diretor do hospital Al-Shifa, Mohammed Abu Salmiya, e do porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, Mahmoud Bassal. Com a morte de al Khaldi, o número de vítimas subiu para seis. A Al Jazeera havia anunciado inicialmente a morte de dois jornalistas e três cinegrafistas. Os outros profissionais mortos foram o repórter Mohammed Qreiqeh e os cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa.
A situação é crítica. Com o bloqueio de Gaza, a imprensa internacional depende da cobertura feita por jornalistas palestinos. Netanyahu anunciou um plano para permitir que repórteres estrangeiros trabalhem em Gaza, acompanhados pelo Exército israelense. Mas, na real, não há datas definidas. Desde o início da guerra com o Hamas, em 7 de outubro de 2023, a imprensa internacional não tem permissão para trabalhar livremente na região. Só alguns veículos selecionados tiveram acesso, sempre sob rígida censura militar.
Os funerais dos cinco funcionários da Al Jazeera aconteceram na segunda-feira, em meio à determinação do governo israelense em implementar um novo plano de operações em Gaza. De acordo com um videomaker da AFP, dezenas de pessoas, muitas chorando, participaram do enterro no cemitério Cheikh Redouane, na Cidade de Gaza. No local do ataque, a cena era de devastação: um muro cheio de estilhaços, colchões ensanguentados e ventiladores retorcidos.
A Al Jazeera classificou o ataque como uma “tentativa desesperada de silenciar as vozes que denunciam a ocupação” israelense. Segundo a emissora, dez de seus correspondentes foram mortos por Israel em Gaza desde o início da ofensiva. Em suas últimas mensagens nas redes sociais, al Sharif descreveu bombardeios “intensos” e postou um vídeo mostrando explosões em Gaza.
O Exército israelense, por sua vez, acusou al Sharif de ser “líder de uma célula terrorista dentro do Hamas”, responsável pela preparação de ataques contra civis e tropas israelenses. Israel divulgou uma selfie de al Sharif com líderes do Hamas e uma tabela com supostos nomes e salários de membros do grupo, incluindo o do jornalista. Em julho de 2024, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) já havia acusado o Exército israelense de conduzir uma “campanha de difamação” contra ele.
Vale lembrar que a transmissão da Al Jazeera é proibida em Israel, e seus escritórios locais foram fechados em maio de 2024. A situação é, no mínimo, preocupante e exige uma apuração isenta e justa dos fatos. A RSF estima que cerca de 200 jornalistas foram mortos em Gaza nos últimos 22 meses.
Fonte da Matéria: g1.globo.com