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Tarifaço americano: Governo brasileiro se prepara para impacto e anuncia plano de contingência

A sobretaxa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor em 6 de agosto, já causa preocupação no setor exportador. A expectativa é que os primeiros dados oficiais sobre o impacto nas exportações sejam divulgados nesta segunda-feira (11), e, olha só, o governo está trabalhando a todo vapor em um plano de contingência para minimizar os danos. Esse plano, que deve ser anunciado até terça-feira (12), prevê medidas como linhas de crédito e adiamento do pagamento de impostos para dar um fôlego às empresas.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), por meio de seu presidente-executivo, José Augusto de Castro, afirma que o balanço das exportações da semana passada, previsto para segunda-feira, trará uma ideia mais clara do impacto real da tarifa. Cada empresa reporta suas vendas ao governo, que compila esses dados. A princípio, a situação “não tá boa”, segundo Castro. Afinal, a sobretaxa de Donald Trump atinge cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA, um valor estimado em US$ 14,5 bilhões em 2024, afetando produtos como café, frutas e pescado – o famigerado “tarifaço”. Na última semana de julho, já se percebia uma queda nas exportações para os EUA, um sinal claro do que estava por vir. “A média de exportação de março a julho foi superior a R$ 1,4 bilhão, mas na última semana ficou na mesma faixa. Ou seja, o fôlego estava acabando, e a tendência é de queda de preços e quantidades”, previu Castro.

O Paraná, por exemplo, já liberou R$ 300 milhões em créditos de ICMS para auxiliar as empresas exportadoras afetadas.

O plano de contingência do governo federal, focado em pequenas e médias empresas, deve incluir linhas de crédito, adiamento de tributos e contribuições federais, e até mesmo a compra de produtos perecíveis pelo governo. A ideia, segundo o Executivo, é proteger a economia e os empregos. O vice-presidente Geraldo Alckmin, um dos principais articuladores do plano, declarou no sábado (9) que o programa será “bem amplo”. Aliás, ele cancelou compromissos em São Paulo para se dedicar integralmente à questão em Brasília. A agenda cancelada incluía o lançamento do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), da ApexBrasil.

Informações dão conta de uma reunião no Palácio do Planalto entre o presidente Lula, Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros ministros, para finalizar os detalhes do plano. O anúncio está previsto para ainda hoje, com uma reunião entre Lula e Alckmin marcada para as 17h, segundo a agenda oficial do presidente.

Para a economista Carla Beni, da FGV, “o peso do problema será o peso do Estado para resolvê-lo”. Ela cita uma reportagem da revista “The Economist” que considera as tarifas de Trump mais uma ameaça política do que um impacto econômico devastador. A publicação argumenta que o Brasil, com sua baixa dependência do mercado americano (13% das exportações) e exportações relativamente pequenas em relação ao PIB, conseguiu até agora evitar o pior. A “The Economist” também aponta o caráter político da retaliação, ligada à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Beni acredita que o plano deve abranger os níveis federal, estadual e municipal, focando nos setores realmente afetados, com prazos definidos e sem se tornar uma ajuda eterna. Ela também alerta para a necessidade de atenção às questões fiscais do governo. Robson Gonçalves, também economista da FGV, concorda, defendendo medidas alinhadas e um acompanhamento de uma política mais agressiva de abertura de mercados externos para produtos brasileiros. Ele critica a falta de uma política de comércio exterior mais forte e articulada no Brasil, algo que, segundo ele, precisa mudar urgentemente.

Fonte da Matéria: g1.globo.com