Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), soltou uma bomba na quinta-feira (31): o “tarifaço” de 50% imposto pelos EUA a produtos brasileiros pode, na real, fazer o preço da comida cair por aqui! A declaração rolou no “Mais Você”, da Ana Maria Braga, na Globo.
Questionado sobre o impacto da medida – que entra em vigor na semana que vem – nos preços de arroz, feijão, óleo de soja e algumas frutas, Alckmin respondeu na lata: “Já estão caindo! Por quê? Dólar mais baixo, clima ajudando e uma safra recorde. Safra 10% maior, preço cai; 10% menor, sobe. A boa notícia é que a tendência é de queda nos preços dos alimentos”.
Aí, veio a pergunta crucial: e a carne, o café, as frutas e os peixes, diretamente atingidos pela taxa de 50%? Alckmin foi cauteloso: “Difícil cravar, mas a gente vai ter que absorver mais desses produtos aqui dentro. Boa parte da exportação é complementar, não compromete o mercado interno. A gente atende o mercado interno primeiro, e o que sobra, exporta”.
Olha só, o impacto do tarifaço no consumidor brasileiro não é direto. A sobretaxa vai ser paga pelas empresas americanas que compram produtos brasileiros. E tem mais: quase 700 itens estão numa lista de exceções, com tarifa de apenas 10%, e não 50%.
Mas, indiretamente, pode ter impacto sim no supermercado. Se os americanos não quiserem pagar a mais, as vendas podem cair, afetando os produtores e, consequentemente, os preços aqui. O tarifaço, portanto, pode simplesmente acelerar uma tendência já existente.
Especialistas consultados pelo g1 apontam algumas possibilidades:
* **Carne:** Pode cair no começo, com menos demanda dos EUA, mas depois pode subir por causa da redução no abate – algo que já era esperado e o tarifaço pode piorar.
* **Café:** Não deve ser afetado inicialmente. O setor acredita que as vendas pros EUA vão continuar e não vai ter excesso de café no Brasil.
* **Tilápia:** Se as vendas pros EUA pararem, pode sobrar tilápia no Brasil, e o preço cair. O setor depende muito dos EUA e teria que redirecionar a produção pro mercado interno.
No mesmo bate-papo, Alckmin disse que “a negociação com os EUA não acabou, ela começa agora”. Ele afirmou que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo, e que o tarifaço é um “perde-perde”, prejudicando mercado, empregos e crescimento aqui, além de encarecer produtos americanos. Aliás, ele também comentou que os gastos com apoio aos trabalhadores podem ser excluídos da meta fiscal, apesar de isso aumentar ainda mais a dívida pública brasileira.
O decreto de Trump atingiu cerca de 35,9% das exportações brasileiras com a tarifa de 50%. Mas, como dissemos, muitas exceções foram criadas.
Fonte da Matéria: g1.globo.com