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Gaza: Fome generalizada atinge níveis catastróficos, alerta ONU

A situação em Gaza é desesperadora. A Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC), órgão ligado à ONU, soltou um alerta assustador: a fome generalizada na região atingiu o pior cenário possível. Olha só: o documento, resultado de uma revisão técnica com apoio da ONU, aponta um aumento alarmante nas mortes por fome, devido à desnutrição e doenças. Dados recentes mostram que os limites da fome foram ultrapassados em boa parte da Faixa de Gaza, principalmente na Cidade de Gaza, em relação ao consumo de alimentos e à desnutrição aguda.

Já em maio, a IPC havia alertado sobre o risco crítico de fome para os cerca de 2,1 milhões de palestinos em Gaza, que enfrentavam níveis extremos de insegurança alimentar. Mas, gente, essa nova avaliação é ainda mais grave! Ainda que não declare oficialmente uma fome, a IPC promete uma nova análise urgente.

A situação é tão crítica que líderes da ONU clamam por um cessar-fogo imediato e um aumento maciço na ajuda humanitária. António Guterres, secretário-geral da ONU, foi direto: “A destruição total de Gaza é intolerável. Deve parar”. Tom Fletcher, chefe humanitário da ONU, reforça a urgência: “Os próximos dias serão decisivos. Precisamos de MUITA mais ajuda, entrando MUITO mais rápido”. Ben Majekodunmi, chefe de gabinete da UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos), disse que palavras não bastam mais: “É preciso ação imediata para um cessar-fogo, reverter a fome e libertar todos os reféns”.

Israel e o Hamas trocam acusações sobre a responsabilidade pela crise humanitária. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, negou a existência de fome ou de uma política de fome em Gaza. Uma declaração que, na real, choca diante da realidade.

O relatório da IPC detalha a gravidade da situação: o acesso a alimentos e itens essenciais caiu para níveis inéditos; entre maio e julho de 2025, o número de famílias passando fome extrema dobrou; na Cidade de Gaza, a taxa de desnutrição saltou de 4,4% em maio para 16,5% em julho, com dois quintos das mulheres grávidas ou lactantes em desnutrição aguda em junho. O norte de Gaza também enfrenta problemas semelhantes e preocupa bastante, mas a falta de dados dificulta uma avaliação completa.

O relatório também critica a Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada por Israel e EUA. A IPC analisou os pacotes de alimentos da GHF e concluiu que o plano de distribuição levaria à fome em massa, pois a maioria dos itens não está pronta para consumo, necessitando de água e combustível para preparo – ambos escassos. Além disso, o acesso aos pontos de distribuição da GHF é difícil, exigindo deslocamentos longos e perigosos, com desigualdade de acesso entre regiões.

Para a IPC declarar oficialmente uma fome, três critérios precisam ser cumpridos: pelo menos 20% das famílias com extrema falta de alimentos; mais de 30% das crianças menores de cinco anos com desnutrição aguda; e duas mortes adultas ou quatro mortes infantis a cada 10 mil pessoas por dia, causadas por fome ou desnutrição.

Coletar dados em Gaza tá sendo um desafio enorme, devido aos bloqueios e combates. Amande Bazerolle, dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), explicou à AFP que isso impede a classificação formal da fome. Jean-Raphael Poitou, da Ação Contra a Fome, também ouvido pela AFP, disse que os deslocamentos forçados e as restrições de movimento complicam muito a situação.

Netanyahu, mais uma vez, rejeitou as acusações, declarando no domingo (27): “Que mentira descarada. Não há política de fome em Gaza, e não há fome em Gaza.”

Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, afirmou que Israel está facilitando a entrada de ajuda, com mais de 200 caminhões entrando em Gaza desde o dia anterior. Ele mencionou corredores humanitários e pausas táticas para distribuição de ajuda, além de lançamentos aéreos de alimentos. Mas, ironicamente, o relatório da IPC destaca que a ajuda humanitária continua extremamente restrita, com pedidos de acesso negados e incidentes de segurança frequentes. Uma contradição gritante.

Fonte da Matéria: g1.globo.com