A nova cédula de 20 euros tá causando um baita rebuliço na Europa! A razão? A imagem de Marie Curie, a brilhante cientista duas vezes Nobel, e a forma como seu nome foi inicialmente apresentado pelo Banco Central Europeu (BCE). Sabe, a polêmica toda gira em torno da origem polonesa de Marie, que nasceu Maria Skłodowska em Varsóvia, em 1867, uma cidade que, naquela época, fazia parte do Império Russo. Apesar de ter vivido e trabalhado na França por mais de três décadas – onde se tornou a primeira mulher professora na Sorbonne e, em 1995, a primeira mulher a ser sepultada no Panteão por seus próprios méritos, após Simone Veil – Marie nunca esqueceu suas raízes.
A questão é que, inicialmente, o BCE anunciou a inclusão de “Marie Curie” na nova cédula, sem mencionar sua identidade polonesa. Isso, claro, não agradou os poloneses. Diplomatas poloneses em Bruxelas, o governador do Banco Central da Polônia, Adam Glapiński, e até parlamentares europeus – alguns deles não poloneses, mas simpatizantes do legado feminista de Marie – protestaram contra a omissão. Olha só a repercussão!
O governador Glapiński, inclusive, escreveu uma carta para a presidente do BCE, Christine Lagarde, expondo as preocupações. A pressão funcionou! O site do BCE agora inclui a informação completa: “Marie Curie (nascida Skłodowska)”. Ufa! O BCE lançou um concurso para escolher o design final das novas cédulas, com previsão de conclusão em 2026. A impressão das novas notas ainda não tem data marcada.
O eurodeputado conservador Janusz Lewandowski, aliás, comemorou a mudança: “Estou muito satisfeito que o BCE tenha atendido às preocupações polonesas e ajustado o design da nova nota de € 20 para refletir a herança polonesa de Marie Skłodowska-Curie”. Interessante, né? A Polônia, que tem sua própria moeda, o zloty, e não utiliza o euro, demonstra que a questão não é apenas monetária, mas sim simbólica e profundamente arraigada na identidade nacional.
Mas por que tanta ênfase na origem polonesa de Marie? A escritora e apresentadora polonesa Karolina Żebrowska explica em um vídeo no YouTube: a Polônia carregou por séculos o trauma de ter sido apagada da história europeia por seus vizinhos, sendo removida do mapa três vezes nos últimos três séculos. No tempo de Marie, a Polônia não existia formalmente; Varsóvia era parte do Império Russo. A cultura polonesa sofreu intensa repressão, com língua, costumes e história sendo banidos.
Marie, impedida de estudar em seu país, foi para a França em 1891, aos 24 anos. A Polônia só recuperou sua soberania após a Primeira Guerra Mundial, em 1918. Apesar de tudo, Marie nunca deixou de se identificar como polonesa. Sua mãe, clandestinamente, manteve viva a cultura polonesa na família. Marie, por sua vez, ensinou o idioma às filhas, as levou à Polônia e, como homenagem ao seu país, batizou o polônio, o primeiro elemento químico que descobriu, com o nome da sua nação. Essa é uma história que vai além da ciência, mostrando a força da identidade e a luta pela memória.
Fonte da Matéria: g1.globo.com