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Gilberto Gil: Um Buda Nagô na despedida de Preta Gil

A imagem de Gilberto Gil beijando a testa da filha, Preta Gil, durante o velório na sexta-feira, 25 de julho, comoveu o Brasil. As fotos e vídeos circularam intensamente nas redes sociais. A dor era evidente no rosto do artista de 83 anos, ao se despedir da filha de 51 anos, morta em Nova York no domingo, 20 de julho, vítima de complicações de um câncer colorretal diagnosticado em janeiro de 2023. Olha só, a cena era de uma tristeza imensa, mas, sabe?, Gil demonstrou uma serenidade impressionante.

Sentado a maior parte do tempo diante do caixão de Preta, no foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro – a cidade onde ela nasceu e para onde Gil se mudou nos anos 60, vindo da Bahia, como ele mesmo canta – Gil encarnou a sabedoria de um mestre. Me pareceu, na real, a imagem perfeita do “Buda nagô”, termo que ele mesmo usou para descrever Dorival Caymmi em sua música de 1992, no álbum *Parabolicamará*. Há anos, Gil parece incorporar essa figura espiritual. Acho que ele, de fato, viu na morte da filha não um fim, mas uma passagem, um encantamento para outra dimensão.

Amigos, familiares e fãs gritavam palavras de conforto: “Força, Gil!”. Mas, tipo assim, quem pareceu mais forte ali foi ele mesmo. A consciência de que o tempo é o grande compositor dos nossos destinos – como ele cantou em 1984 e Caetano Veloso em 1979 – talvez o ajude a lidar com essa perda. Gil, com a calma e a sabedoria de quem crê na transcendência da alma, sabe que Preta Gil vive na eternidade. Ele, o Buda nagô, preserva a memória e o legado de sua filha, de quem sempre teve muito orgulho.

Fonte da Matéria: g1.globo.com