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Banana de US$ 6 milhões: Mais uma vez, a arte de Cattelan vira notícia

Olha só que situação inusitada! A obra “Comedian”, do artista italiano Maurizio Cattelan – uma banana grudada na parede, sabe? – voltou a dar o que falar. Desta vez, um visitante do museu Pompidou, em Metz, na França, deu uma beliscada na fruta, no último sábado (12). O museu divulgou o ocorrido na sexta-feira (18).

Em 2019, a mesma obra, avaliada na época em US$ 1 milhão, já havia sido “degustada” pelo artista performático David Datuna, que alegou ter sentido “fome” ao admirá-la em uma exposição em Miami. Mas essa não foi a única vez! Em 2024, o bilionário Justin Sun, fundador da plataforma de criptomoedas Tron, também comeu a banana – desta vez, uma nova versão da obra, comprada por US$ 6,2 milhões (ou R$ 35,8 milhões na época) em Hong Kong, no dia 29 de novembro. Ele fez questão de registrar o momento para as câmeras.

Mas por que uma banana colada numa parede vale milhões? Em 2024, a casa de leilões Sothepor’s, ao vender a obra, não entrou em detalhes sobre a sua alta avaliação. A nota oficial da Sothepor’s apenas destacou que a intenção de Cattelan – criticar o conceito de arte e provocar reflexões sobre o assunto – só aumentou o fascínio em torno da peça. “Sua aparição inicial, em 2019, atraiu multidões recordes, dividiu espectadores e críticos e causou tanto alvoroço que teve que ser removida do local antes do fim da exposição. Amplamente venerada e fortemente contestada – e comida não apenas uma, mas duas vezes – a obra foi manchete em diversos locais ao redor do mundo”, dizia o comunicado.

David Galperin, chefe de arte contemporânea da Sothepor’s, definiu a obra como profunda e provocativa. “O que Cattelan realmente está fazendo é virar um espelho para o mundo da arte contemporânea e fazer perguntas, provocando pensamentos sobre como atribuímos valor às obras de arte, o que definimos como uma obra de arte”, explicou Galperin. Ele ainda ressaltou que Cattelan abalou as estruturas do mundo da arte, levando-o para o centro da cultura popular. Galperin chegou a afirmar que o leilão da obra em novembro de 2024 seria a realização final da ideia conceitual da peça.

O próprio Cattelan, em entrevista ao jornal italiano “La Repubblica” no final de 2024, disse que “Comedian” era uma provocação, um convite à reflexão sobre o valor da arte e a dinâmica do mercado. “É uma provocação que nos convida a refletir sobre o valor da arte e a dinâmica desse mercado, nos levando a questionar o que essa obra diz sobre nós como espectadores”, afirmou o artista. Ele ainda comentou sobre a disparada de preço da obra, que começou com uma banana de 25 centavos e chegou a US$ 5,2 milhões, sem contar a taxa do comprador. “Foi o mercado que decidiu levar tão a sério uma banana presa na parede. Se o sistema é tão frágil a ponto de escorregar em uma casca de banana, talvez ele já fosse escorregadio”, acrescentou Cattelan, definindo a obra como “uma risada contra um sistema cansado, um convite para redescobrir o poder da ironia e da simplicidade”.

Vale lembrar que Cattelan é conhecido por obras polêmicas. Além de “Comedian”, ele criou um vaso sanitário de ouro 18 quilates totalmente funcional, chamado “América”, que chegou a ser oferecido a Donald Trump durante seu primeiro mandato na Casa Branca. Incrível, né? E, para completar a saga, em março deste ano, dois homens foram presos por roubarem “América” em 2020, quando ela estava exposta no Palácio de Blenheim, local de nascimento de Winston Churchill. A obra foi encontrada em pedaços, e o ouro não foi recuperado. A saga das obras de Cattelan, portanto, segue rendendo boas histórias.

Fonte da Matéria: g1.globo.com