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Suíça: O país com mais bunkers nucleares do mundo se moderniza

A Suíça, gente, sempre teve uma cultura de defesa civil fortíssima! Abrigos, abrigos por todo lado! A frase “Se quer paz, prepare-se para a guerra” resume bem a filosofia suíça. Nos Alpes, embaixo daquela rocha duríssima, existe um verdadeiro labirinto de túneis, civis e militares, com centenas de bunkers à prova de bomba atômica. As entradas? Camufladas! Às vezes, atrás de portinhas discretas numa floresta, outras vezes, em prédios que parecem casas normais, mas que na verdade têm paredes de concreto de dois metros e janelas com buracos para rifles… Olha só que coisa!

Com quase 9 milhões de habitantes, a Suíça detém o recorde mundial de abrigos nucleares per capita: mais de 370 mil! Isso mesmo, existem mais vagas em bunkers do que pessoas no país. Incrível, né? Uma lei de 1963 garante que todo mundo, suíço ou estrangeiro, refugiado ou não, tenha direito a uma cama em um bunker em caso de guerra ou desastre nuclear, seja na Suíça ou nos países vizinhos. Cada pessoa tem direito a pelo menos um metro quadrado. E a distância máxima de casa? Trinta minutos a pé, sessenta nas áreas montanhosas. Dá pra chegar, né? Isso é possível não só pelo tamanho do país, mas também porque prédios de apartamentos são obrigados a ter seus próprios abrigos.

Os Alpes são perfeitos para esconder bunkers, né? A maioria da população mora em prédios com bunkers próprios. Se o prédio não tiver, existem abrigos públicos. Segundo o Departamento Federal de Proteção Civil, os abrigos são projetados para resistir a armas modernas, incluindo armas nucleares, biológicas e químicas, além de impactos de armas convencionais. É uma cultura de defesa civil, gente, não militar. A estrutura aguenta, pasmem, pelo menos 10 toneladas de pressão por metro quadrado! Dá pra aguentar até um prédio desabando em cima! Depois de um terremoto, por exemplo, os abrigos servem como acomodações de emergência. E os filtros de ar? Protegem contra armas biológicas e químicas, purificando o ar contaminado.

Nicolas Städler, morador de Basileia, na fronteira com Alemanha e França, disse à BBC News Mundo: “Eu me sinto mais seguro sabendo que existe um abrigo para todos em caso de ataque nuclear ou desastre. Não acho que uma guerra na Suíça ou nos países vizinhos seja provável, mas acho bom estarmos preparados”. Aí ele confessou que, na real, não sabe onde fica o abrigo dele… Já Daniel Jordi, vice-diretor do Departamento Federal de Proteção Civil, acha super importante saber a localização do abrigo. “O abrigo tá ligado ao seu endereço, mas famílias se mudam, né? Informar só quando necessário é a melhor opção”, explicou.

Essa rede de bunkers começou na Segunda Guerra Mundial, quando a Suíça estava entre a Alemanha nazista e a Itália fascista, tentando manter a neutralidade – algo que o país faz desde 1815. A Guerra Fria impulsionou ainda mais a construção, principalmente no setor privado. A cada dez anos, os bunkers precisam passar por inspeção e receber um certificado. Hoje em dia, muitos viraram despensas, depósitos, adegas… Alguns até museus, hotéis ou restaurantes! A ideia era poder usar o espaço sem modificar a estrutura. A expectativa é que, em caso de emergência, os cidadãos tenham dois dias para transformar esses locais de volta em bunkers.

Mas muitos bunkers estão em más condições, devido aos anos de desuso. Apesar da inspeção decenal, Eugenio Garrido, advogado dominicano que mora em Zurique, tem suas dúvidas: “Não me sinto tão protegido. A evolução das armas de guerra é tal que um ataque à população civil na Suíça pode causar muitas baixas. Abrigos construídos há 50 ou 60 anos? Não sei se resistem a tudo isso.”

Por isso, diante do atual cenário geopolítico, o governo suíço vai investir US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) na modernização da rede de bunkers. As autoridades garantem que não é preparação para guerra, mas sim um investimento em segurança pública. Isabella, moradora de Zurique, por exemplo, não sabe onde fica seu abrigo, mas se sente mais tranquila por saber que ele existe. “Me dá paz de espírito saber que eu e minha família temos um lugar seguro”, disse à BBC. Ela também comentou sobre a tradicional neutralidade suíça e a capacidade do país de acolher pessoas em necessidade, lembrando o abrigo dado a judeus que fugiam da Alemanha nazista. Mas a decisão da Suíça de adotar sanções contra a Rússia, rompendo com a postura de não alinhamento, mudou um pouco a mentalidade por aqui.

Empresas suíças de bunkers relataram um aumento nas consultas e pedidos desde o início da guerra na Ucrânia. A Oppidum Bunkers, que constrói bunkers de luxo, teve um aumento constante de consultas. Já a Mengeu AG e a Lunor enfrentaram uma explosão de pedidos para reformas e verificação de bunkers antigos, muitos dos quais datam das décadas de 1960 e 1980 e precisam de manutenção urgente. O próprio Daniel Jordi confirmou o aumento de perguntas: “Onde fica meu bunker?”, “Eu tenho um?”, “Ele ainda está intacto?”, “Como eu conserto?”.

Durante anos, a Suíça usufruiu do “dividendo da paz”, o que levou à deterioração de muitos abrigos. Esse dividendo se refere aos gastos com segurança não feitos nas últimas décadas, pois após o fim da Guerra Fria, não havia percepção de riscos iminentes. Mas a invasão da Ucrânia, com a ameaça à usina nuclear de Zaporizhia e a retirada de tropas americanas da Europa, mudou tudo. O professor Juan Moscoso del Prado, pesquisador do Instituto EsadeGeo, explica que a Suíça sempre esteve entre países ou blocos em conflito, mas após o fim da Guerra Fria, parecia uma ilha de paz. A guerra na Ucrânia quebrou essa ilusão. Com o futuro incerto, países bálticos, Finlândia, Noruega e Suécia também estão reagindo. A Suíça, então, reativou um antigo sistema de defesa, permitindo que ela permaneça fora dos conflitos.

Fonte da Matéria: g1.globo.com