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CyberKills: Da Lady Gaga a Pabllo Vittar, a dupla que saiu do quarto e conquistou o Brasil

Rodrigo Oliveira e Gabriel Diniz, ambos com 30 anos e radicados em São Paulo, são o CyberKills. De mensagens no Instagram a palcos lotados pelo país, a trajetória da dupla de música eletrônica experimental é, no mínimo, eletrizante! Tudo começou em 2018, com uma conexão inusitada: a paixão pela Lady Gaga. Morando em cidades diferentes, eles começaram a produzir juntos pela internet, criando batidas pesadas e remixes, tipo, caóticos no melhor sentido da palavra! A pandemia deu um gás no projeto, que ganhou nome e força, invadindo as pistas underground com um som que mistura eletrônica, funk, distorção e, principalmente, muita personalidade.

A fórmula deu tão certo que os dois largaram a publicidade para se dedicar 100% à música. Além dos próprios lançamentos, produzem faixas para outros artistas, trilhas para campanhas publicitárias e até desfiles de moda! Olha só a lista de parcerias: Pabllo Vittar, Jup do Bairro, Irmãs de Pau, Katy da Voz e As Abusadas… e, acredite, eles já dividiram o palco com a Charli XCX! Isso é incrível, né?

O sucesso bombou mesmo com o remix de “Descontrolada”, da Pabllo Vittar, presente no álbum “After”, de 2023. “Depois do sucesso de ‘Descontrolada’, a gente conseguiu se organizar financeiramente. Eu, por exemplo, deixei a agência e me joguei de cabeça na música”, conta Gabriel.

Se você se pergunta o que o CyberKills toca, a resposta é simples: barulho! Mas um barulho calculado, viu? Batidas pesadas e distorcidas com um toque de eletrônica clássica, só que numa versão turbo. Nenhuma música é simples, cada faixa é um verdadeiro caos sonoro, mas do bom!

Pra ter uma ideia do som deles, vale a pena ouvir: o remix de “Descontrolada” (Pabllo Vittar), “Sunga Linda” (com Bia Soull) e “Catucada”.

A história da dupla é pura inspiração. Gabriel lembra: “Nem lembro direito como a gente se juntou, mas acho que foi pela Lady Gaga mesmo. Na época, achava que produzir música era inacessível, coisa de gravadora, com muito dinheiro. Mas vi o Rodrigo postando as produções dele e pensei: ‘Se ele consegue, eu também posso!'”

“Mandei uma mensagem pra ele pedindo ajuda, começamos a fazer umas coisas juntos, sem pretensão nenhuma. Não tínhamos nome, projeto… nada! Só duas pessoas fazendo som”, completa Gabriel, que na época morava em João Pessoa, na Paraíba. Até 2021, a produção era à distância, até ele se mudar pra São Paulo. Rodrigo completa: “A gente não se conhecia pessoalmente. Dois depressivos, em casa, sem nunca se ver! Só nos encontramos em 2021.”

Mesmo separados, em 2019 já tinham lançado um remix de “Buzina”, da Pabllo Vittar, que foi um estouro. A primeira apresentação juntos foi em Manaus, numa festa de Ano Novo. “Depois disso, não paramos mais. Estamos rodando o Brasil inteiro!”, comemora Rodrigo.

O crescimento do CyberKills tá totalmente ligado à cena underground de São Paulo, à música de rua. Eles estão sempre presentes em festas e festivais que valorizam a música eletrônica paulistana. Rodrigo explica: “Adoro que estamos nesse momento de quebra da lógica da música comercial, sabe? A gente faz barulho, e esse barulho é pra mostrar pras gravadoras, festivais e eventos grandes que não somos só nós, mas uma galera inteira fazendo música mais experimental, mais ‘suja’ – e que tá conquistando espaço, viajando pra fora. É uma forma de mostrar pra quem tem grana que esse som tem público!”

A dupla não se prende a rótulos. A ideia é produzir barulho eletrônico com forte influência do funk. “A gente, de certa forma, segue a escola do funk, que nos influencia muito. Mas não é nossa intenção ser produtor de funk. Fazemos música eletrônica – e o funk é a música eletrônica brasileira. Então, no fim, acabamos fazendo funk também”, explicam.

Gabriel observa um crescimento coletivo na cena: “Às vezes, as pessoas acham que as oportunidades são poucas e encaram como uma disputa. Mas não é assim que a gente vê. Quando a Clementaum vence, a gente vence. Quando a gente vence, o Caio Prince vence. Quando o Ramemes vence, todo mundo vence. Porque não somos artistas de gravadora, com estrutura e equipe. O que conquistamos é só pela música.”

Como qualquer artista independente, eles fazem tudo: da produção à distribuição. E é justamente na distribuição que encontram os maiores desafios. As plataformas de streaming são o principal meio, mas, segundo eles, faltam ferramentas que deem visibilidade a novos artistas no Brasil. “Lá fora, as plataformas se preocupam em desenvolver nichos. Vemos artistas menores que a gente, com menos ouvintes, em playlists enormes, com curadoria editorial. Isso é fundamental! Já no Brasil, tem playlist que não é atualizada há mais de um ano. Parece que ainda não perceberam nosso potencial. É como se estivéssemos congelados”, lamenta Gabriel.

Depois de sete anos, finalmente lançaram sua primeira mixtape para os streamings: “Dedo no Cue”, com 17 faixas em colaboração com vários produtores. A mixtape tem uma estética de DJ set, sem interrupções, adaptando esse formato para plataformas que ainda não oferecem espaço para sets mixados como os do SoundCloud. “A ideia do DJ set é justamente por causa da defasagem das plataformas. O Spotify, por exemplo, dificilmente aceita DJ sets. Então, sentimos a necessidade de criar algo que levasse esse formato para os streamings. Nosso público estava no SoundCloud, ouvindo remixes e sets nossos que nem eram oficiais. Com essa mixtape, a galera finalmente pode ouvir um DJ set nosso de forma contínua nos streamings”, explica Gabriel. A mixtape reúne colaborações de todo o Brasil e reflete as pistas que a dupla vem ocupando nas festas underground.

A demora para o lançamento? Gabriel explica: “Acho que demoramos por vários motivos: saúde mental, organizar a vida além do CyberKills… também levamos tempo para encontrar nosso som, amadurecer nossa cabeça. Produzimos muita coisa para outros artistas nesses anos, e o foco estava nisso. Queríamos construir uma comunidade antes de lançar algo nosso.”

Fonte da Matéria: g1.globo.com