A relação de Donald Trump com Jeffrey Epstein tá causando um baita rebuliço entre seus próprios apoiadores. Nesta quarta-feira (16), o ex-presidente, num post no Truth Social, desqualificou os rumores sobre a famigerada “lista de Epstein” como pura “farsa” e “bobagem”. Ele ainda acusou os democratas de armarem um “golpe”. Olha só o que ele escreveu: “Os democratas de esquerda radical acertaram de novo! Esses golpes e farsas são tudo que eles sabem fazer – é tudo o que eles têm. Eles não são bons em governar, não são bons em fazer política e não são bons em escolher candidatos vencedores. (…) Seu novo GOLPE é o que chamaremos para sempre de Farsa de Jeffrey Epstein, e meus apoiadores do passado acreditaram nessa ‘besteira’. Tive mais sucesso em 6 meses do que talvez qualquer presidente na história do nosso país, e tudo o que essas pessoas querem falar, com forte incentivo das notícias falsas e dos democratas sedentos por sucesso, é sobre a farsa de Jeffrey Epstein. Deixem esses fracotes seguirem em frente e fazerem o trabalho dos democratas. Nem pensem em falar do nosso sucesso incrível e sem precedentes, porque eu não quero mais o apoio deles”.
Em sua campanha presidencial de 2024, Trump prometeu à sua base MAGA (Make America Great Again) revelar essa tal “lista” de envolvidos no escândalo sexual de Jeffrey Epstein, o financista acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual. Epstein morreu na prisão em Nova York, em 2019.
Mas aí, que surpresa! Na semana passada, o Departamento de Justiça dos EUA divulgou um comunicado oficial afirmando que Epstein morreu por suicídio e que não havia nenhuma “lista de clientes” usada para chantagear personalidades. Essa conclusão contradiz as teorias conspiratórias que o próprio Trump espalhou e que seus apoiadores MAGA abraçaram. Resultado? Parte dessa base agora se voltou contra ele e contra o vice-diretor do FBI, Dan Bongino, ex-agente do serviço secreto e comentarista de direita.
Pra piorar, em fevereiro, a procuradora-geral Pam Bondi declarou em entrevista que uma lista de clientes estava em sua “mesa para ser revisada”. Pois é, uma verdadeira reviravolta!
Trump e Epstein tinham uma relação próxima nos anos 90 e início dos anos 2000, frequentando os mesmos círculos de luxo em Palm Beach e Nova York. Foram vistos juntos em diversas ocasiões, inclusive em festas em Mar-a-Lago. Após a prisão de Epstein, Trump tentou se distanciar, mas depois, ele e seus aliados passaram a alimentar teorias – sem provas – de que o financista teria sido assassinado para proteger figuras poderosas. Ele chegou a prometer divulgar documentos confidenciais sobre Epstein se fosse reeleito, aumentando as expectativas entre seus apoiadores e reforçando a ideia de que a verdade estava sendo escondida. Em uma entrevista ao podcast de Lex Fridman em setembro de 2024, Trump comentou que era “muito estranho para muitas pessoas” que a tal lista não tivesse sido divulgada. “É muito interessante, não é?”, disse ele, sugerindo que a lista provavelmente seria revelada e que ele “não teria problema com isso”.
A frustração da base trumpista explodiu após o anúncio do Departamento de Justiça. Influenciadores MAGA passaram a acusar o próprio governo de acobertamento. A ativista conservadora Laura Loomer, por exemplo, afirmou nas redes sociais que o comunicado era parte de uma operação para proteger poderosos e pediu a renúncia de membros do governo. Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, foi ainda mais longe, dizendo que o caso mostra uma traição à base conservadora e à transparência prometida. Brandon Tatum, outro influenciador, também seguiu essa linha, afirmando que autoridades estão “escondendo a verdade sobre Epstein” e insinuando uma conspiração que envolveria até figuras do círculo trumpista.
As redes sociais de Trump estão inundadas de comentários de pessoas que se identificam como MAGA exigindo a revelação da verdade. A situação gerou uma crise de confiança sem precedentes: parte da base que se alimentou durante anos das suspeitas promovidas pelo próprio Trump agora volta sua desconfiança contra ele, acusando o governo de fazer exatamente o que ele denunciava: esconder informações e proteger elites.
**O que é MAGA (Make America Great Again)?**
O lema “MAGA”, sigla para “Make America Great Again” (“Tornar a América Grande Novamente”), foi usado pela primeira vez na campanha de Ronald Reagan e depois adotado por Trump em 2016. Retomado em 2024, o slogan evoca uma nostalgia de um passado idealizado dos EUA, considerado mais próspero e com uma identidade nacional mais forte, sem as discussões sobre imigração e justiça social.
Fonte da Matéria: g1.globo.com
