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** Tarifaço de Trump: Diplomacia brasileira em ação para minimizar impacto no agronegócio

** A inesperada decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com entrada em vigor prevista para 1º de agosto, causou um verdadeiro terremoto no agronegócio nacional. A incerteza reina, principalmente nos setores de carne bovina, suco de laranja e café. Afinal, como essa bomba vai afetar as exportações brasileiras?

Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Carne Bovina (Abiec), declarou à DW na sexta-feira (11/07): “O setor tá tentando entender como a gente precisa agir pra reescalonar e redirecionar a produção. As empresas brasileiras resolveram dar um tempo na produção destinada aos EUA”. Perosa, em viagem aos EUA, conversou com importadores americanos, igualmente surpreendidos com a medida. Lá, a expectativa é de alta nos preços, já que a carne brasileira vinha suprir a demanda americana, afetada pela seca que atingiu áreas de produção pecuária. Olha só, o impacto é imediato!

A Abiec destaca que a relação comercial era vantajosa para os EUA: a carne brasileira era vendida a um preço bem menor do que o pago pelo consumidor americano, contribuindo para preços mais baixos no mercado local. “Agora, a gente se depara com uma decisão política, alimentada até por um grupo político no Brasil. Isso é assustador, muita imprevisibilidade! Os limites da política não podem prejudicar a população brasileira”, desabafou Perosa, sem mencionar a família Bolsonaro, mas com a preocupação evidente com os empregos em jogo.

O governo brasileiro, por sua vez, tá apostando na diplomacia pra tentar controlar os danos. A ideia de retaliação foi descartada, pelo menos por enquanto. A estratégia é aguardar a entrada em vigor da sobretaxa e negociar a redução do percentual e/ou prazos. Os EUA representam 7% das exportações brasileiras. Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), disse aos jornalistas: “É um momento difícil. Vamos esperar a poeira baixar. Se não houver consenso, o Brasil é soberano e não aceitará imposições unilaterais”.

Desde a eleição de Trump, o governo, principalmente desde a posse de Lula, vem acelerando a diversificação de mercados. O Mapa afirma ter aberto 393 novas oportunidades para exportadores brasileiros. A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) prevê impactos negativos em toda a cadeia, apostando no diálogo entre os governos para uma solução antes da data limite. Além da carne, açúcar, café, suco de laranja e papel e celulose também estão na mira. “É uma questão política que precisa ser discutida entre os países. Afinal, isso prejudica não só o exportador brasileiro, mas também o consumidor americano”, diz a Abag.

O mercado de café, já afetado pelas mudanças climáticas, também sente o baque. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial, e os EUA, os maiores consumidores. Marcos Matos, diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), afirmou à DW: “É um momento de muita tensão. Mas um não vive sem o outro. O Brasil é o maior fornecedor de café para os EUA, que têm 76% da população consumindo a bebida”. Dos 24 milhões de sacas consumidas nos EUA em 2024, 8,1 milhões vieram do Brasil. E sabe? Um estudo da National Coffee Association mostra que cada dólar em café verde importado gera 43 dólares na economia americana. Entidades e empresas americanas trabalham nos bastidores para reverter a situação, mas preferem agir discretamente. Matos finaliza: “Confiamos no governo brasileiro. Acreditamos numa negociação pragmática”.

A situação do suco de laranja é igualmente preocupante. Na safra 2024/25, 41,7% das exportações brasileiras foram para os EUA. A CitrusBR, que representa os exportadores, alerta que a tarifa tornaria 72% do valor do produto em impostos, inviabilizando as exportações. A associação prevê consequências graves, como interrupção de colheitas e paralisação do comércio. A União Europeia, embora seja o maior mercado, não tem capacidade de absorver o excedente. A CitrusBR pediu ao governo que utilize toda a sua força diplomática para proteger os interesses nacionais.

Nos portos, a situação é crítica. Carregamentos de carne bovina se acumulam após o cancelamento de pedidos americanos, que compram 80% da produção brasileira. O futuro dos produtos já em trânsito é incerto. A previsão de dobrar as exportações de carne bovina para os EUA em 2025 foi por água abaixo. De janeiro a junho de 2025, foram exportadas 190 mil toneladas, próximo às 220 mil toneladas de 2024. A dianteira do boi, apreciada nos EUA para a produção de hambúrguer (68% do consumo americano), não é tão popular no Brasil. Perosa afirma que o setor busca reorganizar a produção, focando em países asiáticos e do Oriente Médio. O governo promete apoio nesse redirecionamento.

Fonte da Matéria: g1.globo.com