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Tarifa de 50%: Tarcísio culpa Lula pela decisão de Trump contra o Brasil

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é visto como um possível candidato à presidência em 2026, jogou a culpa da tarifa de 50% imposta pelo ex-presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros no colo do governo Lula. Em suas redes sociais, Tarcísio disparou: “A responsabilidade é de quem governa! Lula priorizou a ideologia à economia, e esse é o resultado”.

Para o governador aliado de Bolsonaro, a decisão de Trump é reflexo do alinhamento do Brasil a governos autoritários e da defesa da censura pelo atual governo. Ele ainda acusou o PT de tentar transferir a responsabilidade para o governo anterior. “Tiveram tempo de sobra para agradar ditaduras, defender a censura e atacar o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro!”, escreveu Tarcísio, num tom bastante crítico.

A decisão de Trump pegou muita gente de surpresa, especialistas brasileiros e internacionais incluídos. O ex-presidente do Banco Central, Alexandre Schwartsman, em entrevista à GloboNews, resumiu a situação: “Ele [Trump] mencionou a iminente condenação do Bolsonaro”. O economista Paul Krugman, ganhador do Nobel, também comentou a situação, afirmando que “não seria a primeira vez que os Estados Unidos usam a política tarifária para fins políticos”.

A agropecuária e a indústria brasileiras expressaram grande preocupação com a notícia, alertando para a ameaça de desemprego no setor.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu as acusações de Tarcísio com força: “Quem tá colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e todos os comparsas do Bolsonaro que aplaudem esse ‘tarifaço’ de Trump!”. Segundo Gleisi, os adversários do PT só enxergam o “proveito político que esperam tirar da chantagem do presidente americano”, classificando a situação como “a continuação do golpe que Bolsonaro responde no STF, agora usando tarifas de um país estrangeiro”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foi ainda mais direto, chamando Tarcísio de “candidato a vassalo”. “O governador errou feio! Ou você é candidato à presidência, ou é candidato a vassalo. E não há espaço para vassalagem no Brasil desde 1822! O que ele quer? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem fundamento econômico?”, questionou Haddad.

A carta de Trump a Lula, que justificava a alta tarifa, tinha um claro viés político, mencionando Bolsonaro e classificando seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) como “uma vergonha internacional”. Na mesma carta, Trump alegou, sem apresentar provas, que a decisão também se devia a “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação da liberdade de expressão dos americanos”. A tarifa de 50% seria aplicada a “todas as exportações brasileiras para os EUA”, além das tarifas setoriais já existentes, afetando setores como a siderurgia, que já sofre com taxas de 50% sobre aço e alumínio.

Essa tarifa de 50% é a mais alta entre as novas taxas impostas por Trump, que anunciou aumento de tarifas para 14 países em duas rodadas de cartas (segunda e quarta-feira, dia 9). Em geral, Trump definiu tarifas mínimas entre 20% e 50%, válidas a partir de 1º de agosto.

Trump justificou a medida alegando uma relação comercial “injusta” e barreiras tarifárias brasileiras que “causaram déficits comerciais insustentáveis contra os EUA”. No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que o Brasil registra déficits comerciais com os EUA desde 2009, totalizando US$ 90,28 bilhões (R$ 493 bilhões na cotação atual até junho de 2025). Analistas apontam, portanto, um forte componente geopolítico na decisão de Trump, visando ampliar seu poder de barganha internacional.

A carta também mencionava que empresas brasileiras poderiam evitar a tarifa construindo ou fabricando produtos nos EUA. Trump ainda prometeu retaliação em caso de resposta brasileira.

Lula, por sua vez, respondeu com firmeza, reafirmando a soberania brasileira e declarando que o país “não aceitará ser tutelado por ninguém”. Ele enfatizou a competência exclusiva da Justiça brasileira para julgar os envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 e rebateu as críticas de Trump sobre plataformas digitais, afirmando que “no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas”. Todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, devem se submeter à legislação brasileira para operar no país.

Fonte da Matéria: g1.globo.com